Desde o início de agosto, bombeiros, brigadistas, cientistas, moradores e voluntários têm somado esforços para tentar conter as chamas que já avançaram sobre mais de 20% do Pantanal Mato-Grossense. Normalmente, cerca de 80% das planícies do bioma ficam submersas durante as estações chuvosas, nutrindo uma infinidade de plantas aquáticas e ajudando a sustentar uma densa variedade de espécies animais. Este ano, entretanto, a estiagem atípica fez com que muitos lugares não alagassem e transformou a massa orgânica que essas áreas acumulam em um perigoso combustível.
Considerado a fronteira sul da Amazônia Legal, o Pantanal Mato-Grossense tem presenciado nos últimos anos incêndios florestais cada vez mais avassaladores. Para poderem limpar grandes áreas de pasto ou desmatar grandes extensões em pouco tempo, muitos fazendeiros usam o fogo como sua principal ferramenta. Os ventos fortes e o clima seco da região fazem com que muitas dessas queimadas saiam de controle e se transformem em grandes incêndios, que se espalham por dezenas de quilômetros enquanto consomem tudo o que encontram pela frente. Apenas em 2020, mais de 19 mil focos de calor foram registrados em todo Pantanal, segundo dados do Programa de Queimadas do Inpe (período de 1º janeiro a 6 de outubro).
A imagem do Pantanal está ligada aos rios intermináveis e às grandes planícies alagadas, mas, em 2020, tudo secou. O bioma enfrenta sua pior seca em 50 anos. A falta de água e a vegetação seca agravam ainda mais o cenário do fogo e o aumento das queimadas criminosas ameaçam a sobrevivência do bioma. As chamas avançam indiscriminadamente sobre zonas de mata, Cerrado e regiões antes alagadas, deixando para trás animais mortos, a vegetação destruída e um sentimento de desespero para a população local. Buscando salvar o que ainda resta da fauna e flora da região, desde agosto, centenas de voluntários têm chegado ao Pantanal Mato-Grossense para se juntarem às linhas de frente do combate ao fogo e de resgate de animais atingidos pelas chamas, muitas vezes virando a noite tratando animais feridos ou levando doações às comunidades atingidas pelo fogo.
São essas histórias que você acompanha hoje, na 1ª audiorreportagem produzida por ((o))eco. Escute no player abaixo:
Essa reportagem foi produzida e editada por João Velozo com o apoio de Daniele Bragança, Rafael Ferreira, Duda Menegassi e Lua Benício.
Entrevistados: Ailton Lara, Coronel Alessandro Borges, Daniele França, Karen Ramos, Lua Benicio, Luciana Leite e Tenente Brito.
Agradecimentos especiais a Secretaria de Meio Ambiente e ao Corpo de Bombeiros do Estado do Mato Grosso.
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