Reportagens

Aves: personagens comuns que passam despercebidos

Incentivados pelos professores, alunos da rede pública de Bonito começam a valorizar as aves presentes no seu dia a dia

Ecocomunicadores da Rede ParaTudo ·
2 de março de 2017 · 7 anos atrás

Texto produzido pelos estudantes do ensino médio da Escola Estadual Bonifácio Gomes de Camargo – BCG.

Arara Vermelha. Foto: Wilson Severino (Flickr)
Arara Vermelha. Foto: Wilson Severino (Flickr)

Caracterizadas por suas penas, asas e bicos, as aves estão por toda parte. Diversas espécies, cada uma com suas características de cor, tamanho, formato do bico, alimentação e habitat, povoam de forma despercebida o nosso dia a dia. A partir de um trabalho na Escola Estadual Bonifácio Gomes de Camargo, em Bonito (MS), o tema aves virou assunto de conversa na sala de aula. E dentre os diálogos, surgiu a reflexão: “de tão comuns, as aves passam a ser despercebidas”.

Assim acontece em Bonito. Ouvimos aves o tempo todo, mas pouco lhes damos atenção. São múltiplos cantos que se confundem com os outros sons da cidade. Começa cedo, com o “despertador matinal” chamado aracuã. Ainda de manhã, ouvimos tucanos com seu canto característico, assim como as araras-vermelhas. Ao longo do dia, uma mistura de bem-te-vis, sabiás-laranjeiras, sanhaços e gralhas compõem a trilha sonora da cidade. Ao entardecer, bandos de periquitos e papagaios chamam atenção enquanto seguem para seus dormitórios.

As aves estão muito presentes em nosso cotidiano e esse trabalho nos despertou a prática de observá-las. Descobrimos que a observação de aves já ocorre em Bonito, conduzida por profissionais de ecoturismo; e que também é uma ferramenta de aprendizado para alunos do ensino regular, pois a prática aproxima da natureza e sensibiliza os alunos sobre a importância das questões ambientais.

Nosso trabalho começou em sala de aula, com as ideias e o incentivo dos professores. A primeira etapa foi conhecer o tema. A Fundação Neotrópica do Brasil nos forneceu o impulso inicial com uma palestra sobre a importância das aves, suas características, a conservação do ambiente em que vivem e a própria atividade de observação de aves.

A famosa casa do joão-de-barro. Foto: Iron Pedreira Alves (Flickr).
A famosa casa do joão-de-barro. Foto: Iron Pedreira Alves (Flickr).

Quando iniciamos essa prática, notamos o quanto é simples, pois as aves estão próximas de nós, inclusive nas nossas próprias casas. O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) era uma dessas espécies anônimas sempre presentes no nosso dia a dia. Caracterizada por sua  plumagem acinzentada, este pássaro habita campos abertos, com árvores esparsas e vegetação arbustiva, assim como áreas urbanas. O sabiá-do-campo chama atenção pela maestria com a qual imita o canto de outras espécies.

Outra ave peculiar e especial é o beija-flor, que parece um helicóptero com o bater acelerado de suas asas. Ou o tucano, um privilégio dos moradores de Bonito, que mesmo na rotina da cidade podem vê-lo comendo mamão com seu bico enorme.

A curicaca (Theristicus caudatus), conhecida no pantanal como despertador, é uma ave conhecida na região por possuir um bico em forma de foice. É possível vê-la em campos abertos e secos. Sua alimentação inclui artrópodes, insetos, pequenos anfíbios e répteis. As curicacas nidificam em grandes árvores, costas rochosas e torres de linha de transmissão.

Outra espécie que observamos é o joão-do-pantanal (Synallaxis albilora), uma ave da família furnariidae que está distribuída pelo Brasil, Bolívia e Paraguai. Outro joão, mais famoso, é o joão-de-barro (Furnarius rufus), também da família furnariidae, reconhecida facilmente por seu característico ninho de barro em forma de forno.

Cada ave tem suas características marcantes, como plumagem e cores, comportamentos de sobrevivência, rituais e danças para conquistar um parceiro. Bicos compridos ou estreitos, pequenos ou grandes, cada um com a sua função. E todas com o seu próprio canto, seja como sinal de alerta, para marcar território ou apenas, quem sabe, por estar feliz! Além do novo conhecimento, a observação de aves permitiu nos gerou uma sensação de paz ao perceber que a natureza está mais próxima do que imaginávamos.

Curicacas, o despertador do Pantanal. Foto: Edmilson Feldmann (Flickr).
Curicacas, o despertador do Pantanal. Foto: Edmilson Feldmann (Flickr).

 

 

 

Leia também

Notícias
22 de julho de 2024

Paul Watson, fundador do Greenpeace e protetor de baleias, é preso na Groenlândia

Ambientalista foi detido por agentes da polícia federal da Dinamarca, em cumprimento a mandado de prisão do Japão; ele partia da Irlanda para confrontar navio baleeiro japonês

Salada Verde
22 de julho de 2024

Encontro de alto nível sobre ação climática reúne ministros e líderes de 30 nações

8ª Conferência Ministerial sobre Ação Climática (MoCA), realizada este ano na China, tem objetivo de destravar discussões que ficaram emperradas em Bonn

Notícias
22 de julho de 2024

Ministério Público investiga esquema de propina em órgão ambiental da Bahia

Servidores, ex-funcionários e outros investigados teriam recebido até R$ 16,5 milhões de fazendeiros para facilitar concessão de licenças ambientais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.