Nas prévias da campanha na cidade de São Paulo – que promete ser a grande vitrine da disputa de influências entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – o partido Rede Sustentabilidade lançou oficialmente, no último sábado (22), a pré-candidatura de Marina Bragante a vereadora.
O evento, realizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, do pré-candidato ao executivo municipal pelo PSOL Guilherme Boulos, e da deputada estadual pela Rede Marina Helou, além de lideranças regionais, integrantes e apoiadores do partido. A eleição de Bragante é prioridade da Rede para a câmara paulistana.
O deputado federal Guilherme Boulos fez questão de ressaltar a importância das eleições municipais em um cenário parlamentar que, segundo ele, está longe de cessar atividades arriscadas para o futuro ambiental do país. “Nós ganhamos as eleições [presidenciais, em 2022] mas para nós do campo progressista, defender o meio ambiente lá em Brasília continua sendo um sufoco”, relatou.
Para Boulos, a presença de figuras como Marina Bragante tende a possibilitar esses avanços, já que a câmara municipal segue sendo um espaço onde ainda é difícil estabelecer políticas voltadas, por exemplo, para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas e aos eventos extremos que já se manifestam, como as grandes tempestades e ondas de calor.
Marina Bragante tem mestrado em Administração Pública pela Universidade de Harvard e foi chefe de gabinete da deputada estadual Marina Helou entre 2019 e 2021, ano em que aceitou atuar como Secretária Executiva de Desenvolvimento, Ciência,Tecnologia e Inovação do estado de São Paulo. Em 2022 seguiu para o setor privado como Diretora de Políticas Públicas da AYA Earth Partners. Em sua primeira candidatura a vereadora pela Rede, em 2020, ainda durante a pandemia, recebeu 9.710 votos.
Conforme a disputa municipal começa ganhar nitidez, iniciam-se também as articulações com o intuito mais específico de ampliar o espaço – e os recursos – para candidaturas ligadas à pauta ambiental. Principal ativo político da Rede, a ministra Marina Silva observou a composição com Boulos tratando-a como a criação de uma frente ampla.
“Nós sabemos que para ganhar as eleições em 2022 foi uma frente ampla. Agora nós temos uma frente ampla aqui também com o Boulos. Mas tem uma coisa que nós temos que pensar: tem um lado que é blocado cem por cento e atua contra a democracia, contra os direitos humanos, dos povos indígenas, do enfrentamento às mudanças climáticas, com uma visão negacionista. Nós, Psol e Rede, não votamos blocados, temos diferenças, mas há algo que nos une que é a defesa da democracia”, explicou a ministra.
Ao ((o))eco, Marina Silva detalhou como seguirá apoiando outros candidatos pelo país para destacar a pauta ambiental em diferentes regiões e contextos. “Essa é uma pauta que precisa estar presente nas eleições municipais do Brasil inteiro tanto para aqueles que estão pretendendo o executivo quanto o legislativo. Como esse tema é orgânico à Rede, estar aqui é muito natural, porque sei que a câmara dos vereadores é um espaço privilegiado de como traduzir essas políticas públicas nos territórios, na vida das pessoas. Por isso estou prestando esse apoio nacionalmente, sempre aos finais de semana”, frisou. Dentre os pré-candidatos da Rede de outras localidades destacados para receber esse apoio está Túlio Gadelha, que concorrerá ao maior cargo executivo da capital pernambucana, Recife.
‘Democracia custa caro’
A deputada estadual Marina Helou indicou um dos principais desafios para um partido de pequeno porte como a Rede no processo eleitoral:o acesso escasso a recursos financeiros. “Candidatos do PL (Partido Liberal) que a gente nem sabe direito quem são vão receber milhões de reais em recursos partidários, enquanto nós teremos de fazer essa construção contando muito com a mobilização da nossa base. É muito importante a gente falar sobre isso porque fazer campanha é algo que requer muitos recursos e isso pode fazer muita diferença nas urnas”.
A pré-candidata Marina Bragante demonstrou compartilhar das preocupações de Helou. “Esse ano a gente entendeu que é importante ter uma campanha prioritária para concentrar os recursos, mas também as figuras da Marina Silva e da Marina Helou no apoio a uma candidatura só. Concorremos com partidos que têm muito recurso e é muito comum na política a gente dizer que voto se ganha, sim, com dinheiro. A democracia custa caro, mas é um custo que vale muito a pena. Nós entendemos que o caminho é fazer com que as pessoas se identifiquem com uma causa e é por isso que estamos unindo essas forças para a próxima eleição, mesmo com as desproporções orçamentárias”, completou Bragante.
O PL é o partido com maior participação na divisão do Fundo Eleitoral, com R$886, 84 milhões a serem utilizados para os pleitos municipais. A Rede poderá acessar R$35,9 milhões e o Psol, R$126,89 milhões. Essa assimetria tende a aumentar diante da influência bolsonarista junto a seu eleitorado no apoio aos candidatos apoiados por seu partido. Em São Paulo, esse apoio pertence ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que terá como vice o Coronel Mello Araújo, que é do PL e foi uma indicação direta de Bolsonaro. Já Guilherme Boulos é apoiado não apenas pela ministra Marina Silva mas, também, pelo presidente Lula.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada em 29 de maio, Boulos e Nunes seguem muito próximos na liderança da disputa à prefeitura, o primeiro com 24% e o segundo com 23% das intenções de votos. Tábata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) estão empatados na terceira posição, com 8% das intenções, seguidos por Pablo Marçal, com 7%. Na sequência, Kim Kataguiri (UB) e Maria Helena (Novo) contam com 4%; e João Pimenta (PCO), Fernando Fantauzi (PC), Ricardo Senese (UP) e Altino (PSTU) contam com 1%. Os que declararam voto nulo foram 13% e 5% preferiram não opinar.
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