Nove em cada dez dias de uso de carro hoje nos Estados Unidos poderiam ser supridos por veículos elétricos baratos e que já estão no mercado hoje, com uma única carga de bateria. O resultado disso seria uma economia de gasolina – e das emissões de carbono correspondentes – de 60% no país que tem a população mais motorizada do mundo.
A conclusão surpreendente é de um estudo feito por pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e do Instituto Santa Fé, ambos nos EUA, publicado nesta segunda-feira (15) no periódico científico Nature Energy.
A pesquisa desmonta um dos principais mitos que ainda impedem a adoção mais ampla dos carros elétricos: a chamada “ansiedade de autonomia”. Segundo os cientistas, liderados por Jessika Trancik, do MIT, existe entre os consumidores uma noção de que veículos movidos a eletricidade não possuem autonomia suficiente para realizar os deslocamentos cotidianos necessários. Isso obrigaria os usuários a parar para recargas demoradas de bateria numa rede de “postos de eletricidade” que não existe hoje nem mesmo nos EUA.
Desconfiados dessa ladainha, Trancik e colegas resolveram olhar os dados. Eles compilaram uma pilha de informações disponíveis em várias bases de dados sobre o padrão de deslocamento de carro do cidadão americano médio em 12 cidades em todo o país. Essas bases existem graças ao GPS, que permite a programas como o Waze monitorar em tempo real o deslocamento de milhões de pessoas.
O que os cientistas descobriram foi que a maior parte das viagens de carro são curtas, especialmente nas cidades. E que 87% dos dias de uso de automóvel poderiam ser supridos usando um carro quase popular: o modelo 2013 do Nissan Leaf, um veículo que custa de US$ 21 mil a US$ 29 mil, menos do que a média de preço dos 94 carros mais vendidos nos Estados Unidos.
Trancik e colegas construíram um modelo de transportes que levasse em conta os deslocamentos e as variações no consumo de energia do Leaf com uma bateria de 19 kWh (por exemplo, se o ar-condicionado está ligado a autonomia cai) e chegaram à média de 73 milhas (117 km) por recarga. É mais do que suficiente para dar conta dos deslocamentos da maioria dos moradores das cidades estudadas. Supondo a média de uso dessas pessoas revelada pelos bancos de dados, a cada cem dias o uso de um carro a gasolina seria necessário em apenas 13. Na zona rural, onde as distâncias são maiores, esse número aumenta para 20. As recargas poderiam ser feitas em casa durante a noite, período de baixa demanda por eletricidade
O grupo se apressa em dizer que não dá para aposentar o carro com motor a explosão ainda: os 13% dos dias de viagem que sobram, afirmam, “tendem a envolver longas distâncias e direção em maior velocidade”, razão pela qual o consumo de gasolina não cai na mesma proporção do potencial aumento na adoção de veículos elétricos.
“Realizar esse nível de adoção exigiria que seus prospectivos donos tivessem acesso a outros veículos com maior autonomia para atender às suas necessidades”, escrevem os autores. “Prever os dias de maior [demanda por] energia e prover soluções convenientes – como por exemplo programas comerciais de compartilhamento de carros a combustão interna (…) ou modais alternativos de transporte – pode, portanto, ser crítico para aumentar a posse de veículos elétricos a bateria.”
No entanto, um carro elétrico que atendesse às metas do programa federal americano Arpa-e (Agência de Projetos Avançados de Pesquisa em Energia), de elevar a capacidade da bateria para 55 kWh, poderia atender a 98% da demanda americana. Uma bateria dessas deverá estar pronta para o uso comercial em poucos anos. Hoje, a meta climática americana de reduzir de 26% a 28% as emissões de gases-estufa em 2025 em relação a 2005 poderia ser cumprida com folga no setor de transportes usando carros elétricos, avalia a pesquisa.
“O trabalho de Trancik e colegas mostra como os veículos elétricos podem suprir a maior parte da demanda por deslocamentos, o que torna sua baixa adoção um mistério”, escreveu Willet Kempton, da Universidade de Delaware, em comentário ao estudo na mesma edição da Nature Energy.
Não bastasse a desconfiança do consumidor, os veículos a bateria ainda precisarão enfrentar uma ofensiva de propaganda da indústria fóssil nos EUA: os irmãos Koch, financiadores do negacionismo climático americano, estão bancando uma campanha de US$ 10 milhões para “bombar os combustíveis derivados de petróleo e atacar os subsídios do governo para carros elétricos”, segundo reportou o DeSmog Blog.
Republicado do Observatório do Clima através de parceria de conteúdo. |
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Bobagem… O carro elétrico é muito mais poluente do que o a combustão… O que quer dizer, ambos são uma merda… Um carro elétrico descarta na natureza (porque não é reciclável) mais de meia tonelada de baterias a cada dois anos… Com substâncias altamente tóxicas como lítio, selênio etc… Multipliquem isto pelo número de automóveis… A poluição de um automóvel não começa na agência, quando é comprado. Começa lá na extração das matérias primas. A poluição do ar é mais notável, por isso este discurso falacioso de defesa da eletricidade… E que virá de onde? Das hidroelétricas? Usinas atômicas, ou de carvão? Só se revogaram a segunda lei da termodinâmica… E como a imbecilidade é democrática e aceita sem discussão, sem questionamentos… Mais uma vez a voz do consumismo e do detrimento ao meio ambiente tentando falar mais alto…