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Expansão agrícola sem desmatamento

Relatório indica que 60 milhões de hectares de pastos degradados podem ser usados para agricultura. Sem incentivos para isso, cerca de 10 milhões de hectares de Cerrado desaparecerão.

Salada Verde ·
15 de julho de 2009 · 15 anos atrás
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Relatório lançado hoje (15) pelo WWF e pela Seguradora Allianz indica que o Brasil poderia expandir suas terras agricultáveis em 60 milhões de hectares, sem derrubar uma só árvore ou mudar o Código Florestal Brasileiro. O número faz parte do documento O Impacto do mercado mundial de biocombustíveis na expansão da agricultura brasileira e suas consequências para as mudanças climáticas, apresentado na capital paulista.

Segundo o relatório, para que o Brasil atenda à demanda interna e externa de grãos (soja, milho, trigo, arroz, algodão) e cana-de-açúcar em 2020, serão necessários 18 milhões de hectares de terras a mais do que os atuais 51 milhões de hectares, na ultima safra. Excluindo-se unidades de conservação, Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, a não-governamental chegou à conclusão que o Cerrado é o bioma mais ameaçado neste cenário, seja pelo pequeno percentual protegido por lei (menos de 3% sob proteção integral) ou pela disponibilidade de terras.

Daqui a dez anos, se o Brasil seguir não incentivando o uso de pastagens e outras áreas degradadas para a produção agrícola, entre 9,5 e 11,1 milhões de hectares de Cerrado serão desmatados, aponta o estudo.

Os estados mais propensos a esta expansão, segundo o relatório, seriam Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí, em ordem decrescente. Alguns deles teriam redução drástica, próxima a 30%, em suas áreas atuais de cobertura vegetal nativa, como Maranhão e Piauí. Do total de terras, apenas 3 milhões de hectares seriam utilizados em 2020 para plantação de matéria-prima voltada para geração de biocombustíveis. Para as organizações, no entanto, esse quadro poderá ser evitado se apenas as pastagens degradadas forem convertidas.

Estima-se que 30% dos 200 milhões de hectares de pastos – cerca de 60 milhões de hectares – estejam em variados níveis de degradação. “Nossa estimativa é de que, desta expansão de 18 milhões de hectares, apenas de 8 a 9 milhões ocorram sobre áreas de pastagem. Queremos, ao menos, estimular que se aumente essa porcentagem, para evitar o desmatamento de 10 milhões de ha de Cerrado”, disse a O Eco o engenheiro agrônomo Cássio Moreira, coordenador do Programa Agricultura e Meio Ambiente da WWF.

Segundo Moreira, o relatório foi idealizado antes do acirramento da pressão dos ruralistas pela mudança do Código Florestal. Mesmo assim, o documento deixa um recado claro em sua conclusão: “Os resultados desse estudo, baseado na premissa do cumprimento do Código Florestal, indicam que a expansão agrícola não é incompatível com a legislação ambiental vigente.”

O relatório pode ser conferido na íntegra, clicando aqui.

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