Relatório lançado hoje (15) pelo WWF e pela Seguradora Allianz indica que o Brasil poderia expandir suas terras agricultáveis em 60 milhões de hectares, sem derrubar uma só árvore ou mudar o Código Florestal Brasileiro. O número faz parte do documento O Impacto do mercado mundial de biocombustíveis na expansão da agricultura brasileira e suas consequências para as mudanças climáticas, apresentado na capital paulista.
Segundo o relatório, para que o Brasil atenda à demanda interna e externa de grãos (soja, milho, trigo, arroz, algodão) e cana-de-açúcar em 2020, serão necessários 18 milhões de hectares de terras a mais do que os atuais 51 milhões de hectares, na ultima safra. Excluindo-se unidades de conservação, Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, a não-governamental chegou à conclusão que o Cerrado é o bioma mais ameaçado neste cenário, seja pelo pequeno percentual protegido por lei (menos de 3% sob proteção integral) ou pela disponibilidade de terras.
Daqui a dez anos, se o Brasil seguir não incentivando o uso de pastagens e outras áreas degradadas para a produção agrícola, entre 9,5 e 11,1 milhões de hectares de Cerrado serão desmatados, aponta o estudo.
Os estados mais propensos a esta expansão, segundo o relatório, seriam Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão e Piauí, em ordem decrescente. Alguns deles teriam redução drástica, próxima a 30%, em suas áreas atuais de cobertura vegetal nativa, como Maranhão e Piauí. Do total de terras, apenas 3 milhões de hectares seriam utilizados em 2020 para plantação de matéria-prima voltada para geração de biocombustíveis. Para as organizações, no entanto, esse quadro poderá ser evitado se apenas as pastagens degradadas forem convertidas.
Estima-se que 30% dos 200 milhões de hectares de pastos – cerca de 60 milhões de hectares – estejam em variados níveis de degradação. “Nossa estimativa é de que, desta expansão de 18 milhões de hectares, apenas de 8 a 9 milhões ocorram sobre áreas de pastagem. Queremos, ao menos, estimular que se aumente essa porcentagem, para evitar o desmatamento de 10 milhões de ha de Cerrado”, disse a O Eco o engenheiro agrônomo Cássio Moreira, coordenador do Programa Agricultura e Meio Ambiente da WWF.
Segundo Moreira, o relatório foi idealizado antes do acirramento da pressão dos ruralistas pela mudança do Código Florestal. Mesmo assim, o documento deixa um recado claro em sua conclusão: “Os resultados desse estudo, baseado na premissa do cumprimento do Código Florestal, indicam que a expansão agrícola não é incompatível com a legislação ambiental vigente.”
O relatório pode ser conferido na íntegra, clicando aqui.
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/26265111-high.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Desmatamento no Cerrado cai no 1º semestre, mas ainda não é possível afirmar tendência
Queda foi de 29% em comparação com mesmo período do ano passado. Somente resultados de junho a outubro, no entanto, indicarão redução de fato, diz IPAM →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/15035560-high.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Unesco reconhece Parna dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio da Humanidade
Beleza cênica e fato de os Lençóis Maranhenses serem um fenômeno natural único no mundo levaram organização a conceder o título →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/unnamed.png?resize=600%2C400&ssl=1)
Dez onças são monitoradas na Serra do Mar paranaense
Nove adultos e um filhote estão sendo acompanhados pelo Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar. Primeiro registro ocorreu em 2018 →