A expedição, realizada em 2008, no estado colombiano de Caquetá (na fronteira com Equador e Peru) deu sequência à primeira visita de Martin Moyonhian à área, na qual o especialista em comportamento animal conseguiu os primeiros relatos dessa espécie. A pesquisa liderada pelo Dr. Defler teve financiamento do Primate Action Fund da Conservação Internacional (CI), pela iniciativa do CI-Colômbia.
Javier García, nativo da região, conseguiu adentrar na cabeceira do Rio Caquetá após a diminuição da violência e das guerrilhas na região, que impossibilitavam o acesso para pesquisa. Em suas caminhadas o estudante observou 13 grupos do macaco zogue-zogue de Caquetá.
Os pesquisadores, que estimam uma população de menos de 250 zogue-zogues de Caquetá, já colocam essa espécie na lista de animais com sobrevivência ameaçada, uma vez que a população está muito abaixo do esperado para populações saudáveis. Os principais fatores que ameaçam os primatas é a diminuição drástica de seus habitats, pela destruição das florestas para abertura de plantios agrícolas. Dessa forma, esses animais já encontram-se como espécie Criticamente em Perigo (CR), classificação da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN).
Os zogue-zogue, também conhecidos com guigó ou sauá, possuem chamados – sons para comunicação – entre os mais complexos entre os animais e os utilizam na demarcação de territórios. Essa nova espécie difere-se da maioria dos outros primatas por ser monogâmico, mantendo-se unidos em grupos familiares de até quatro indivíduos que vivem perto dos rios.
A recém descoberta espécie empolga a comunidade científica sobre a rica variedade biológica ainda por ser descoberta na Amazônia como também alerta para a rápida degradação dos ecossistemas que pode extinguir espécies ainda nem relatadas para a ciência. “A descoberta é especialmente importante porque nos lembra que devemos comemorar a diversidade de vida na Terra, mas que também precisamos agir agora para salvá-la. Quando os líderes mundiais se reunirem na Convenção de DiversidadeBiológica no Japão no final do ano, eles precisam se comprometer com a criação de mais áreas protegidas se quisermos garantir a sobrevivência de criaturas ameaçadas como esta na Amazônia e ao redor do mundo”, alerta José Vicente Rodríguez, diretor da unidade de ciência da Conservação Internacional na Colômbia e presidente da Associação Colombiana de Zoologia.

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