Falta a assinatura do governador do Estado do Paraná, Beto Richa, para que se torne válido o decreto que extingue o Batalhão de Polícia Ambiental, também conhecido como Força Verde, especializado em fiscalização ambiental. Pela proposta, o efetivo policial será utilizado no combate ao crime e no aumento de viaturas nas ruas, segundo fonte ouvida pelo Oeco. De acordo com reportagem publicada no jornal Gazeta do Povo, que teve acesso aos documentos do projeto, não há data definida para as mudanças na polícia do Paraná.
Promessa de campanha do atual governador do Estado, a reestruturação dos órgãos de Segurança Pública do Paraná, outrora esperada com aporte de recursos para o aumento do efetivo policial através de novos concursos e um plano de polícia cidadã, se encaminha para a extinção dos batalhões especializados (Polícia Rodoviária Estadual, Patrulha Escolar e Força Verde) e distribuição dos seus quadros dentro do policiamento ostensivo.
Criado em 4 de abril de 1957 (e na época chamado de Corpo de Polícia Florestal), através da Lei Estadual nº. 3076, o Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb-FV) foi o segundo corpo policial especializado na área criado no Brasil (o primeiro foi em São Paulo) e possui um efetivo de 575 policiais, “montante defasado para o desenvolvimento das atividades de policiamento ambiental em todo o estado”, segundo o próprio website da corporação. O Batalhão é dividido em 4 companhias, cada uma contando com 4 pelotões.
O erro de estratégia do governo do Paraná é seguir a anedota do “cobertor de pobre”: tentar reforçar uma área que precisa aumentar o efetivo policial desmobilizando outra (que também já estava carente). O projeto de reestruturação se chama “Renascimento da Polícia Militar”. Pretende melhorar a eficácia da corporação, mas com a extinção do Batalhão Ambiental, já de início é controvertido: o efetivo de policiais da Força Verde representa apenas cerca de 3% do efetivo total da Polícia Militar paranaense, de14,5 mil policiais. Juntos, os batalhões especializados prestes a serem extintos não chegam a 10% do total de homens.
A utilização de polícias especializados no patrulhamento urbano também é algo a ser levar em conta. Não se sabe se a inserção destes policiais no combate ao crime urbano será tão eficiente quanto de seus colegas, já treinados para tal função. Da mesma maneira, a utilização de policiais sem conhecimento especializado na área ambiental pode criar consequências severas pela falta de conhecimento dos profissionais no âmbito.
E principalmente, valerá a pena desmatelar um batalhão que representa apenas 3% do efetivo total da Polícia Militar paranaense, para combater crimes urbanos?
A fórmula já foi seguida pelo governo do Mato Grosso e aparentemente não deu certo. Em 2007 o governo Blairo Maggi extinguiu o Batalhão Florestal do estado, que acabou sendo reativado em 2010.
*Editado: 14/08/2012 – às 15h40
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