Os ministros do Supremo Tribunal Federal iniciaram nesta quarta-feira (31) o julgamento que definirá o uso e comercialização do amianto branco (crisotila) nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. As duas ações diretas de inconstitucionalidades que estão sendo julgadas questionam as leis estaduais que proíbem o uso do amianto, quando a norma federal – lei federal 9.055/95 – permite. Apenas dois dos dez ministros da corte votaram: os relatores da ação.
O ministro Ayres Britto considerou as leis constitucionais, votando, portanto, pela improcedência das Ações Diretas de Inconstitucionalidades. Marco Aurélio votou pela procedência do pedido apresentado nas duas ações e, portanto, pela liberação.
Outra ação direta de inconstitucionalidade, desta vez contra a lei federal que permite o uso do amianto de maneira controlada, também será julgada. A Adin 4066 é de autoria da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).
O que se discute e o Supremo decidirá, é o banimento de uma substância cancerígena que coloca em risco à saúde do trabalhador que tem contato com o aminato. Por outro lado, é uma indústria bilionária, com milhares de trabalhadores. No país, o amianto é usado principalmente na fabricação de caixas d’água e telhas. A única mina de crisotila em operação no país é a de Cana Brava, no município de Minaçu, em Goiás e abastece 13% de todo o amianto consumido no mundo, o que coloca o Brasil como o terceiro maior exportador mundial do mineral. Um mercado estimado em 2,1 milhões de toneladas no ano de 2004, segundo estimativas do Instituto Brasileiro do Crisotila.
Pesquisadores e setores ligados à saúde do trabalhador — como a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) — garantem que o amianto é nocivo à saúde. Já as empresas afirmam que, com uma série de cuidados, o amianto não oferece riscos.
O julgamento foi suspenso após a leitura feita pelos dois relatores e o anúncio do voto. Não se sabe quando será retomada a votação, já que o tribunal volta a julgar o processo do mensalão na próxima semana.
Leia também
Desmatamento zero para quem? Brasil não é claro em proposta apresentada na COP29
Representantes do governo brasileiro reforçam em Baku a promessa de Lula de acabar com desmatamento, sem dizer se a supressão legal entra na conta →
Entrando no Clima#32 – Brasil estreia na COP espalhando dúvidas no ar
No episódio 32 do podcast, a correspondente de ((o))eco na COP do Clima traz mais informações sobre a estreia da delegação brasileira em Baku →
Apenas 12,8% das áreas protegidas marinhas do Brasil são realmente efetivas
Pesquisa internacional analisa a qualidade na conservação marinha global, visando a meta mundial de proteger 30% dos oceanos até 2030 →