Salada Verde

No Dia dos Finados, alerta ambiental sobre os cemitérios

Geólogo investiga a situação de mil cemitérios espalhados pelo Brasil e conclui que 75% apresentam problemas sanitários, alguns graves.

Redação ((o))eco ·
2 de novembro de 2012 · 12 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Cemitério da Vila Nova Cemitério na zona norte de São Paulo. Foto: Marcelo Camargo -- Agência Brasil
Cemitério da Vila Nova Cemitério na zona norte de São Paulo. Foto: Marcelo Camargo — Agência Brasil
 

Pouco se fala sobre o assunto, mas os cemitérios são fontes de poluição, principalmente do lençol freático. Uma pesquisa feita pelo geólogo Lezíro Marques Silva, da Universidade São Judas, afirma que, em mil cemitérios analisados no país, 75% apresentaram problemas sanitários e ambientais, tais como solo inadequado, vazamento de necrochorume no lençol freático ou cemitério construído perto de residências. A pesquisa foi concluída no ano passado.

O necrochorume é constituído de 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas que poluem o lençol freático e são vetores de doenças. “Ele é rico em substâncias tóxicas como putrecina, cadaverina e alguns metais pesados”, explica o geólogo à reportagem da Agência Brasil. De cor amarelada e viscoso, o necrochorume, como o próprio nome sugere, é parecido com o chorume gerado dos resíduos dos aterros sanitários.

A diferença entre o aterro sanitário e o cemitério é que este último se mantém funcionando indefinidamente, o que o torna uma fonte de contaminação contínua. “Pela legislação brasileira, depois de cinco a sete anos, quando ficam só ossos, eles são removidos e colocado outro corpo no local”, afirma Walter Malagutti, do Departamento de Geologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que também estuda o assunto.

“Se o necrochorume escapa do túmulo, ele pode entrar em contato com o lençol freático, criando uma mancha de poluição que atinge quilômetros de distância a ponto de contaminar poços e rios”, explica Lezíro Marques Silva.

A principal critica do pesquisador é a má escolha dos locais para instalação de cemitérios: “O que sobra são terrenos do ponto de vista geológico inadequados, como lençol freático raso, área de várzea e morro”, diz Silva.

Segundo o geólogo, para resolver o problema é necessária uma legislação mais específica que oriente a construção de lajes de contenção e obrigue o uso de substâncias que reduzam o nível de contaminação. Uma delas foi desenvolvida pelo próprio Lezíro, durante sua pesquisa. Trata-se de uma espécie de colchão que contém um líquido que neutraliza as substâncias tóxicas e que deve ser colocado dentro da sepultura. “Tem solução, mas pouco é feito”, diz Silva.

A legislação atual que trata do licenciamento ambiental dos cemitérios é a Resolução 335 do CONAMA, de 03 de abril de 2003.

Os pesquisadores afirmam que a cremação é a solução mais adequada, embora ainda rara no país. Por outro lado, há estudos chamando a atenção para a pegada ecológica da cremação devido a emissão (significativa) de poluentes, como o cádmio, chumbo e mercúrio, além de gases do efeito estufa. Há um cálculo que estima a energia gasta para cremar um corpo humano como equivalente a que um carro típico gasta para percorrer 7,7 mil quilômetros.


*Com informações da Agência Brasil.

Leia também

Notícias
6 de novembro de 2024

Superando as previsões, desmatamento no Cerrado tem queda de 25,7%

Foram suprimidos 8.173 km² do bioma entre agosto de 2023 e julho de 2024, contra 11 mil km² destruídos no período anterior. Governo anuncia “Pacto pelo Cerrado”

Notícias
6 de novembro de 2024

Desmatamento na Amazônia cai 30,6% e atinge menor valor em nove anos

Entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram perdidos 6,2 mil km² de floresta. Organizações comemoram, mas defendem que Brasil pode e deve fazer mais

Notícias
6 de novembro de 2024

O que esperar da administração Trump na agenda climática

Saída do Acordo de Paris, incentivo maciço em fósseis, revogação de normas ambientais e corte de financiamento em ações de combate à crise climática são algumas das promessas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.