Marcas internacionais de café, organizações ambientais e sociedade civil se uniram para a viabilizarem um programa de investimento para a preservação da biodiversidade e o fornecimento de água na Região do Cerrado Mineiro: o Programa de Investimento no Produtor Consciente.
O Projeto Piloto acontecerá no município de Patrocínio, em Minas Gerais, responsável pela maior produção de café do Brasil, com média 1 milhão de sacas de 60 quilos colhidas por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). O Programa será implementado na bacia do Córrego Feio.
A iniciativa é promovida pelo Consórcio Cerrado das Águas, uma plataforma que reúne produtores, marcas de café, ONGs ambientais locais e internacionais e conta com o apoio da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) com o objetivo de promover o desenvolvimento ambiental através da restauração, da agricultura inteligente e da gestão eficiente de recursos hídricos. Para isso, firmou-se um compromisso de cinco anos para a criação e apoio técnico ao Programa de Investimento no Produtor Consciente.
“O novo programa de investimentos fornecerá incentivos financeiros e expertise para que todos os proprietários de terras tornem seus ativos ambientais cada vez mais saudáveis e produtivos nessa importante bacia hidrográfica”, disse Giulia Carbone, vice-diretora do Programa de Negócios e Biodiversidade da UICN.
Na bacia do Córrego Feio, o Consórcio planeja investir na proteção dos ecossistemas naturais em aproximadamente 124 propriedades ao longo da bacia, que apresenta grave escassez e conflito hídrico. “No local piloto de Patrocínio, onde todo o município e os cafeicultores dependem dessa única bacia, os produtores também terão uma visão clara da degradação dos serviços ecossistêmicos em suas propriedades, e receberão conselhos profissionais e financiamentos para torná-las resilientes ao clima”, explica Guilherme Amado, gerente da Nespresso no Brasil.
Este ano, as empresas se comprometeram a investir US$ 100 mil (hoje, quase R$400 mil reais). Além disso, através do Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF) – Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos, em português -, o Consórcio recebeu um aporte financeiro de US$ 400 mil, cerca de R$1,6 milhão para ser investido na Bacia. Esse foi o maior subsídio já concedido pelo CEPF, que conta com exigentes doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial.
“O objetivo é alcançar uma restauração de vegetação nativa 100% livre de químicos, a um custo 85% mais baixo do que o custo praticado atualmente no Cerrado, que é uma área global crítica para a perda de biodiversidade. As parcerias com os laboratórios agroecológicos locais, com a EMBRAPA e a EMATER, ajudarão a testar novas tecnologias para reduzir a incidência das ervas daninhas e pragas”, afirma Peggy Poncelet, diretora do CEPF.
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