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Em campanha por valorização, servidores ambientais priorizam trabalho burocrático e fiscalizações sofrem queda

Segundo associação da categoria, autos de infração do ICMBio na Amazônia caíram 93% entre 5 e 18 de janeiro; negociação com o Ministério da Gestão será na próxima semana

Gabriel Tussini ·
23 de janeiro de 2024
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A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA Nacional) divulgou, na última sexta (19), um balanço da situação das fiscalizações do ICMBio em todo o país. Em meio à mobilização da categoria por valorização salarial, o trabalho burocrático vem sendo priorizado desde o fim do mês passado, como avisado pelos servidores. O sindicato detectou grandes diminuições em quesitos como número de agentes em campo e de autos de infração, especialmente na Amazônia. A próxima mesa de negociações com o Ministério da Gestão está marcada para quinta (01) da semana que vem.

Segundo o levantamento, que aborda o período de 5 a 18 de janeiro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023, o número de autos de infração sofreu queda de 93% na área da Amazônia Legal, em comparação com uma queda de 53% na contagem nacional. As ordens de fiscalização também sofreram queda (de 67% na Amazônia e 18% em todo o país), assim como o número de agentes em campo (que caiu 88% na Amazônia e 45% nacionalmente). 

Para retornar à normalidade, os servidores pedem uma reestruturação em seus planos de carreira, parada há 7 anos, com equiparação dos salários da categoria à dos servidores da Agência Nacional de Águas – passando de um salário inicial de R$ 8.817,72 para R$ 15.058,12. Segundo o comunicado da ASCEMA Nacional, “esses números ressaltam a gravidade do impacto da mobilização dos servidores do ICMBio que decidiram suspender a participação em atividades externas, para chamar a atenção do governo para as condições de trabalho do órgão e em defesa da reestruturação da Carreira de Especialista em Meio Ambiente”. 

Em entrevista ao Brasil de Fato, Wallace Lopes, diretor da entidade, afirmou que 90% da categoria aderiu à mobilização. “Se os pontos centrais da nossa proposta não forem contemplados, certamente haverá um recrudescimento do movimento, podendo resultar até em greve geral da área ambiental”, alertou. A última mesa de negociação da categoria com o Ministério da Gestão ocorreu ainda em outubro, e o assunto esteve paralisado desde então, apesar das demandas dos servidores. Agora, as esperanças para o retorno total das fiscalizações estão na próxima mesa de negociações.

  • Gabriel Tussini

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), redator em ((o))eco e interessado em meio ambiente, política e no que não está nos holofotes ao redor do mundo.

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Comentários 1

  1. João Pinheiro Filho diz:

    Com certeza absoluta estes funcionário da várea ambenta – IBAMA/ICMBIO tem todo direito de reenvindicar uma melhora.É uma disparidade se comparados a Agencia Nacional das Águas que não correm nenhum risco de vida para fiscalizar. Quando o Governo que fazer mádia a nível Internacional são estes dois orgão os que ele coloca na frente como responsáveis pela preservação ambiental. Salário defazado a muitos anos e extrutura de trabalho a nivel de campo pior ainda. Brasileiros, ambientalistas ou não,vamos dar força a estes dígnos e injustiçados servidores.