Governadores do Sul e Sudeste usaram a Conferência da Mata Atlântica, realizada em Curitiba, para defender que a agenda climática brasileira seja conduzida “livre de polarizações políticas”. O posicionamento foi oficializado na Carta de Curitiba, divulgada nesta terça-feira (19), durante o 13º encontro do Consórcio de Integração Sul-Sudeste (COSUD), que reuniu sete estados e se apresentou como preparação para a COP30, marcada para 2025 em Belém (PA).
A carta foi assinada pelos governadores Cláudio Castro (RJ), Eduardo Leite (RS), Ratinho Junior (PR), Renato Casagrande (ES), Romeu Zema (MG) e pelos vice-governadores Felicio Ramuth (SP) e Marilisa Boehm (SC).
O texto enfatiza que a Mata Atlântica deve ganhar espaço nas negociações internacionais, ao lado da Amazônia. O bioma, que concentra 70% da população brasileira e 80% do PIB, foi chamado de “berço da civilização brasileira” e descrito como estratégico para enfrentar a crise climática. “Não há avanço sem proteção da biodiversidade”, afirmam os governadores, que anunciaram a criação de um Fundo da Mata Atlântica para financiar projetos de restauração, corredores ecológicos e descarbonização.
O documento também cita medidas já em andamento, como o plantio de 35 milhões de mudas nativas, monitoramento por satélite, novas unidades de conservação e a integração das Defesas Civis estaduais, usadas em respostas conjuntas às enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul.
Com críticas veladas à condução nacional da política ambiental, os governadores defendem maior espaço para estados e municípios nas negociações da ONU sobre clima. “O Brasil pode ficar mais verde se os entes da Federação tiverem mais força”, diz o texto. Para eles, a emergência climática deve ser tratada como responsabilidade de todos os níveis de governo, em cooperação com empresas, cientistas e sociedade civil.
“A emergência climática é uma realidade global que afeta a todos e todas e é responsabilidade dos três níveis de governo: Municípios, Estados e União. Portanto, polarizações políticas não devem prevalecer. Dogmas não favorecem a discussão. É preciso união e cooperação em torno do combate às mudanças climáticas”, diz o texto.
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