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Ibama descobre fraude em cadeia produtiva de carvão vegetal no Maranhão

Cerca de 165 mil metros do produto foram vendidos para siderúrgicas do estado nos últimos três anos. Foram 14 empresas inspecionadas e mais de R$ 55 milhões em autos de infração

Sabrina Rodrigues ·
23 de janeiro de 2019 · 7 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Agentes do Ibama apreenderam toda a lenha ilegal. Foto: Ibama.

Agentes do Ibama descobriram que 165,9 mil metros de carvão vegetal sem origem legal foram vendidos para siderúrgicas do Maranhão nos últimos três anos. Catorze empresas foram inspecionadas por movimentações comerciais suspeitas e a fiscalização resultou na aplicação de 34 autos de infração, que totalizam R$ 55,4 milhões.

A investigação aconteceu após análise de dados gerados pelo Sistema do Documento de Origem Florestal (DOF). O DOF é a licença obrigatória para que haja o transporte e o armazenamento de produtos florestais de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo, contendo as informações sobre a procedência desses produtos.

Os infratores atuavam da seguinte forma: as empresas obtinham créditos virtuais através de declarações falsas no sistema de controle, disfarçando assim a venda de carvão ilegal. As empresas também simulavam a compra de lenha em fazendas com autorização para desmatamento. Mas, segundo o técnico ambiental do Ibama no Maranhão, Eder Carvalho, que coordenou a operação, alguns dados ajudaram a desvendar a fraude.

“Informações apresentadas, como distância de transporte e tempo de execução, ajudaram a identificar as fraudes, uma vez que seriam inviáveis economicamente. Em vários casos estava expresso nos documentos que a transação se resumia à transferência de créditos de produtos florestais”, afirma Eder Carvalho.

Analistas ambientais do Ibama estimam que 7.100 hectares do Cerrado maranhense tenham sido desmatados para abastecer a movimentação ilegal identificada.

Toda a lenha sem origem legal foi apreendida. As áreas desmatadas de forma irregular, inclusive reservas legais, foram embargadas.

*Com informações da Assessoria de Comunicação do Ibama.

  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 4

  1. Alexandre diz:

    Excelente trabalho de controle e fiscalização. Espero que o novo ministro do meio ambiente veja essa matéria e constate que suas declarações a respeito de uma suposta ineficiência da Fiscalização Federal em nosdo País, não passa de uma falácia.


  2. felipe b diz:

    Certamente boa parte disso aí vem das Terras Indígenas no MA, incluindo Araribóia. Há diversas estradas e ramais ilegais dentro da TI.


  3. Tio Sam diz:

    Apesar do mérito, apenas enxugando gelo …


  4. Paulo diz:

    Bom trabalho. Gente que entra na contramão da lei, tem que ser punido, sem churumelas.