O Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) apresentou, nos dias 27 e 28 de agosto, durante a Rio Climate Action Week 2025, uma ferramenta prática para gestores públicos enfrentarem os desafios da adaptação climática nos municípios brasileiros. O evento, realizado em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), reuniu sociedade civil, academia, parlamentares e representantes locais no Auditório da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. A iniciativa central foi o lançamento do Kit Clima, um roteiro com perguntas-norteadoras, checklists e exemplos de aplicação que pretende apoiar prefeituras e secretarias na implementação de políticas de adaptação previstas na Lei Federal nº 14.904/2024.
O objetivo do kit é ser uma ferramenta para implementar a adaptação.

Nos debates, a presidenta do IDS, Dulce Maria Pereira, destacou que a emergência climática deve ser enfrentada sob a ótica da justiça social, já que os impactos recaem de forma desigual sobre mulheres, populações negras, indígenas e periféricas. O primeiro dia das mesas reforçou esse recorte, com lideranças femininas defendendo que planos de adaptação só terão eficácia se incorporarem perspectivas de gênero, raça e desigualdade socioeconômica. A vereadora e secretária de Meio Ambiente do Rio, Tainá de Paula, alertou para os riscos imediatos da falta de investimentos em infraestrutura urbana, como micro e macrodrenagem, que ameaçam famílias em áreas vulneráveis.
O segundo dia de discussões trouxe o foco para governança e planejamento, com a deputada estadual Dani Balbi defendendo a criação de conselhos populares deliberativos que deem voz à juventude, mulheres e comunidades periféricas na formulação de políticas. Entre os obstáculos apontados por gestores e pesquisadores estão a fragilidade de conselhos locais, a escassez de corpo técnico nas prefeituras, a falta de mecanismos interfederativos e a insuficiência de fontes de financiamento voltadas ao nível municipal. As recomendações incluíram formação continuada para equipes técnicas, fortalecimento de conselhos regionais de adaptação, estímulo a consórcios municipais e cooperação mais estreita entre União, estados e municípios.
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