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Mais de 150 macacos morrem no México em meio ao calor extremo

Pelo menos 157 bugios já morreram desidratados apenas no mês de maio e causa provável são as altas temperaturas no país, que chegaram à sensação térmica de 52º C

Duda Menegassi ·
29 de maio de 2024
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Pelo menos 157 bugios morreram no México apenas no mês de maio, possíveis vítimas das ondas de calor que atingem o país. As temperaturas ultrapassaram os 43ºC e as sensações térmicas chegaram até 52ºC e muitos riachos estão completamente secos. Os macacos atingidos apresentam um quadro de desidratação moderada e severa. Relatos de pesquisadores descrevem bugios simplesmente desabando de cima das árvores. Entre os sintomas da desidratação estão desmaios, hipertermia e em casos mais sérios até convulsões e arritmia.

De acordo com os números oficiais reportados até dia 22 de maio, haviam 157 mortes confirmadas, a maioria delas (125) no estado de Tabasco, nos municípios de Cunduacán, Comalcalco, Jalapa, Cárdenas e Centro. As outras 32 mortes ocorreram no estado vizinho de Chiapas, nos municípios de Juárez e Pichucalco

Os bugios-de-manto-mexicanos (Alouatta palliata mexicana) são uma subespécie com ocorrência restrita ao México. De acordo com a Lista Vermelha da IUCN, o primata é classificado como Em Perigo de extinção. Os pesquisadores estimam que houve um declínio populacional de pelo menos 50% nas últimas três décadas, pressionado tanto pelo avanço da agricultura quanto pela caça.

Na última sexta-feira (24), uma equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat) do México visitou dois municípios – Cunduacán e Comalcalco – que concentram mais de 80% das mortes de bugios registradas em Tabasco. Dentre as ações, os profissionais instalaram bebedouros para os animais silvestres.

No município de Comalcalco, nove bugios foram resgatados por uma unidade móvel criada para ajudar os macacos. Sete deles foram reabilitados e devolvidos à natureza no último sábado (25).

Autoridades federais, estaduais e municipais trabalham de maneira coordenada junto com pesquisadores e zoológicos para lidar com a morte dos bugios, ao mesmo tempo em que buscam determinar as causas da morte dos primatas.

Em nota publicada na noite desta terça-feira (28), a Semarnat afirma que os técnicos descartaram a possibilidade de que a mortandade tenha sido causada por doenças emergentes ou de origem toxicológica, a partir do contato com agrotóxicos e pesticidas. A conclusão vem após análise laboratorial de amostras biológicas coletadas de macacos doentes e mortos.

O comunicado destaca ainda que durante o trabalho de campo nos municípios de Tabasco e Chiapas, “os técnicos observaram que devido à falta de chuvas e às altas temperaturas, há escassez de água nos riachos e nascentes das áreas onde vivem os macacos. Da mesma forma, pessoas que moram em locais próximos relatam que ocorreram diversos incêndios florestais na região”, detalha.

“Por tudo o que foi exposto, até o momento está confirmada a presunção de que a mortalidade dos macacos é atribuível à insolação devido às altas temperaturas vividas no país, o que se soma à falta de água nos riachos da região, que são principal via de abastecimento das diferentes espécies que habitam estes locais”, aponta o texto.

Desde o começo do ano, o México já passou por três ondas de calor, conforme alertas do Serviço Meteorológico Nacional. A mais recente ocorreu na última semana. Outras duas ondas de calor são previstas pelo instituto para atingir o país em junho.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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