Mesmo sendo reconhecido internacionalmente como um direito humano, a água está longe de fazer parte do dia-a-dia de mais de 2 bilhões de pessoas no mundo. A conclusão veio do relatório Leaving no one behind (Não deixar ninguém para trás) da ONU, lançado na terça-feira (19), durante a 40ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça.
Às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, o documento de duzentas e duas páginas destaca os principais problemas relacionados ao tema, como falta de acesso à água potável e saneamento.
As Nações Unidas entendem que apesar dos progressos significativos obtidos nos últimos 15 anos, o objetivo de tornar a água um direito universal é inalcançável para grande parte da população mundial.
“O acesso à água é um direito vital para a dignidade de todos os seres humanos”, declarou a diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay. “Ainda assim, bilhões de pessoas continuam sendo privadas desse direito”, continua Audrey.
O documento destaca que no ano de 2015, três entre dez pessoas, isto é, 2,1 bilhões, não tinham acesso à água potável. O texto destaca a situação da África Subsaariana, onde somente 24% da população têm acesso a água potável. Dados que tornam os representantes das Nações Unidas preocupados, pois a estimativa é que mais da metade do crescimento populacional esperado até 2050 ocorrerá na África.
Em relação ao saneamento, a publicação informa que ainda em 2015, somente 4,5 bilhões de pessoas no mundo, ou seja, seis em 10, não tinham acesso a saneamento. A ausência de tratamento de água e esgoto afeta diretamente a saúde de mais da metade da população mundial, com consequências sentidas principalmente pelas crianças e idoso.
“As populações pobres e marginalizadas serão afetadas de forma desproporcional, aumentando ainda mais as desigualdades crescentes (…). O relatório de 2019 fornece evidências da necessidade de se adaptar as abordagens, tanto nas políticas quanto na prática, para tratar das causas da exclusão e da desigualdade”, concluiu, Gilbert F. Houngbo, diretor da ONU Água e presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Segundo o relatório, políticas planejadas erroneamente, o uso de recursos mal implementado mais a falta de políticas públicas são os responsáveis pelas desigualdades ao acesso à água potável e ao saneamento seguro. Para a publicação, é preciso tratar a desigualdade e a exclusão de forma explícita, tanto em termos de políticas quanto na prática.
“Melhorar a gestão dos recursos hídricos e fornecer a todos o acesso à água potável e saneamento seguros e acessíveis financeiramente são ações essenciais para erradicar a pobreza, construir sociedades pacíficas e prósperas, e garantir que “ninguém seja deixado para trás” no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. Essas metas são totalmente alcançáveis, desde que exista uma vontade coletiva para proceder”, afirma o relatório.
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