Mais de 150 organizações brasileiras e internacionais, além de cientistas de vários países, entregaram uma carta à presidência da COP30 pedindo que as áreas úmidas ocupem um lugar central na agenda climática global. O documento foi apresentado durante a Pré-COP30, em Campo Grande (MS), e destacou o Pantanal como exemplo crítico da urgência em proteger esses ecossistemas. A iniciativa foi articulada pela Environmental Justice Foundation (EJF), em parceria com a Chalana Esperança, SOS Pantanal, Observatório do Clima, Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e Onçafari.

As organizações alertam que as áreas úmidas armazenam mais carbono por área do que qualquer outro ecossistema terrestre, mas estão desaparecendo três vezes mais rápido que as florestas, pressionadas por expansão agrícola, incêndios e exploração predatória. O Pantanal, maior área úmida continental do planeta, sofreu em 2020 a perda de quase um terço de sua extensão em incêndios que liberaram 115 milhões de toneladas de CO₂, o equivalente às emissões anuais da Bélgica.
Na carta, a coalizão pede que os países incluam as áreas úmidas em seus planos nacionais de ação climática (NDCs), estabeleçam metas globais de conservação e restauração com financiamento adequado, fortaleçam o apoio ao Sul Global e reconheçam o papel de povos indígenas e comunidades locais na governança desses territórios. “Proteger o Pantanal e outras áreas úmidas é não apenas um imperativo climático, mas também uma questão de justiça”, afirmou Luciana Leite, da EJF. Para Leonardo Gomes, do SOS Pantanal, a COP30 é a oportunidade de consolidar esse compromisso no Brasil, país que abriga a maior e mais icônica dessas áreas.
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