A Polícia Federal concluiu nesta segunda-feira (06) a investigação sobre o incêndio no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista e confirmou como provável início do fogo um dos aparelhos de ar condicionados localizados no auditório do primeiro andar do palácio. A destruição do casarão e de parte do acervo mais antigo de história natural da América do Sul ocorreu em setembro de 2018.
A perícia técnica-criminal descartou a hipótese de ação criminosa e de omissão dos administradores do museu. Segundo a investigação, em agosto de 2015, o Corpo de Bombeiros havia iniciado uma fiscalização no prédio, mas o oficial encarregado não deu prosseguimento à inspeção. Ainda de acordo com a Polícia Federal, esse oficial acabou punido administrativamente.
Na mesma época da fiscalização feita pela metade, o então reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, e a ex-diretora do museu, Cláudia Rodrigues, iniciaram tratativas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para revitalizar o palácio e adequar o prédio ao Código de Segurança contra Incêndio e Pânico.
O contrato, assinado em junho de 2018, não chegou a sair do papel: pouco menos de três meses depois, as chamas consumiram quase a totalidade da reserva técnica do setor de paleontologia e a ala expositiva do museu, que abrigava praticamente todos os fósseis de plantas e animais, vertebrados e invertebrados, descobertos no Brasil ao longo do século 19 e nas primeiras décadas do século 20.
Para a PF, as tentativas de adequar o prédio mostram que não houve omissão por parte das autoridades da UFRJ.
Em nota, a direção do Museu Nacional afirmou que “acompanha com atenção as repercussões sobre a divulgação do relatório da Polícia Federal” e “segue trabalhando nos projetos de reconstrução” do museu.
Leia Também
O descaso com as coleções científicas é combustível para as chamas
Instalação elétrica sem aterramento provocou incêndio no Museu Nacional
Trabalho de reconstrução e recuperação do acervo do Museu Nacional caminha em ritmo lento
Leia também
Trabalho de reconstrução e recuperação do acervo do Museu Nacional caminha em ritmo lento
Quase metade (46%) das coleções foi perdida em parte ou totalmente, 35% estão com peças sendo resgatadas e apenas 19% não foram atingidas pelo fogo →
Instalação elétrica sem aterramento provocou incêndio no Museu Nacional
Polícia Federal conclui relatório sobre as causas do incêndio que destruiu parte do acervo do maior museu natural do país. Três aparelhos estavam ligados no mesmo disjuntor →
O descaso com as coleções científicas é combustível para as chamas
Incêndio no Museu de História Natural de Minas Gerais mostra que Brasil não aprendeu a lição quando o assunto é o cuidado com nossos acervos, uma pauta que nenhum jornalista gosta de cobrir →