Em meio à Década da Restauração, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas chega a marca histórica de 10 milhões de árvores plantadas na região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste de São Paulo. Os plantios representam pouco mais de 5.100 hectares de Mata Atlântica em processo de recuperação ecológica, criando corredores florestais e transformando a paisagem dominada pelo pasto.
Este trabalho, que hoje faz parte do projeto Corredores de Vida do IPÊ, começou há 25 anos com o objetivo de recuperar e conectar o habitat do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), primata ameaçado de extinção que só pode ser encontrado no interior de São Paulo. O principal corredor já plantado, com 12 quilômetros de extensão, conecta o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-Leão-Preto.
Nos últimos anos, os plantios ganharam escala graças ao interesse do mercado de carbono e à parceria com a empresa Ambipar. Apenas nos primeiros três meses de 2025, por exemplo, já foram plantadas mais de 1,4 milhão de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica.
“Antes plantávamos de 100 a 200 hectares em 1 ano, hoje plantamos isso em um mês”, destaca o coordenador do projeto Corredores de Vida, Laury Cullen Jr. A definição dos locais mais estratégicos e prioritários para o plantio é definida pelo Mapa dos Sonhos do IPÊ, que abrange atualmente o território de 30 municípios da região do Pontal.
A meta do projeto é que, do total de 260 mil hectares de passivos ambientais existentes no Pontal, sejam restaurados pelo menos 75 mil em áreas prioritárias até 2041. Com isso, a expectativa é remover 29 milhões de toneladas de CO2e em 50 anos.
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