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Registro raro mostra uma mamãe onça com seu filhote na Serra do Mar

A cena foi flagrada por um armadilha fotográfica instalada pela equipe do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, que monitora a presença de animais como a onça-pintada e a anta na região

Duda Menegassi ·
23 de julho de 2021 · 3 anos atrás
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Os pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar foram surpreendidos com um dos registros feito por uma das armadilhas fotográficas instaladas na região: uma rara cena de uma onça-pintada com seu filhote. A imagem foi feita no trecho paranaense da Serra do Mar, um contínuo de Mata Atlântica situado entre os estados de Paraná e São Paulo. “Com toda a pressão que a Mata Atlântica vem sofrendo com desmatamentos, mudanças climáticas e caça ilegal, este registro é super importante. Indica que a região apresenta condições saudáveis, permitindo não só a sobrevivência da espécie na área, mas também a reprodução”, comemora o biólogo Roberto Fusco, responsável técnico do Programa. Os filhotes de onça-pintada costumam seguir a mãe durante seus primeiros dois anos de vida.

O projeto monitora não apenas onças-pintadas (Panthera onca), mas também outros mamíferos como a anta (Tapirus terrestris) e o queixada (Tayassu pecari), ao longo de uma área de 17 mil km². Com as informações coletadas, os pesquisadores se dedicam a construir uma estratégia de conservação para espécie, com a proteção e recuperação das populações destes animais. E a presença da onça-pintada, um predador no topo da cadeia alimentar, é essencial para garantir o equilíbrio ecológico da floresta.

“A preocupação é pela viabilidade das espécies a longo prazo, que já estão ameaçadas de extinção. Grandes mamíferos são extremamente vulneráveis à perda de habitat e à pressão de caça, sendo os primeiros a desaparecerem, o que pode gerar um enorme impacto. O desaparecimento da onça, por exemplo, pode gerar impacto em todo o ecossistema, por meio de um efeito cascata, que começa com o aumento de suas presas, geralmente herbívoros, que por sua vez impactam a composição e estrutura da vegetação. Essa bagunça no ecossistema pode trazer efeitos imprevisíveis, como a perda de biodiversidade, alteração na composição do solo, aumento de espécies exóticas e até mesmo liberar patógenos que afetam a saúde humana”, explica Fusco.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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