Maior alvo da Operação Akuanduba da Polícia Federal, deflagrada nesta quarta-feira (19), por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deu uma rápida entrevista para representantes da imprensa, em Brasília, em que afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito, mas que vê a decisão do ministro do supremo como um erro e que acredita que a investigação deve ser concluída rapidamente. “Entendemos que esse inquérito, o pouco que sabemos, eu não tive acesso ainda, ele foi instruído de uma forma que acabou induzindo o ministro relator ao erro, induzindo justamente a dar a impressão de que houve, ou teria havido, possivelmente, uma ação concatenada de agentes do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente para favorecer ou para fazer destravamento indevido do que quer que seja. Essas ações jamais, repito, jamais aconteceram. O Ministério, e o Ibama da mesma forma, sempre procurou agir de acordo com as regras e isso ficará demonstrado nos autos do inquérito conforme eles forem instruídos”
Questionado se o seu celular teria sido apreendido, Salles desviou do assunto e disse apenas que a Polícia Federal havia ido ao Ministério do Meio Ambiente e que ele havia encontrado o delegado lá. “Mas essas medidas são desnecessárias, na medida em que o ministério e todos os seus funcionários poderiam ter ido, ser chamados para a Polícia Federal”, desconversou.
O ministro comentou ainda que já teria exposto a situação ao presidente, Jair Bolsonaro, “eu expliquei que, na minha opinião, não há substância em nenhuma das acusações, embora eu não conheça os autos, já sei qual é o assunto que se trata, e me parece que esse é um assunto que vai ser esclarecido ou pode ser esclarecido com muita rapidez porque efetivamente, tanto o ministério quanto o Ibama, agem de acordo com a lei, de acordo com as melhores regras”.
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De acordo com a coluna Painel, da Folha de São Paulo, assinada pela editora Camila Mattoso, na manhã desta quarta, enquanto a PF dava início aos mandados de busca e apreensão contra Salles e mais 22 investigados por facilitar o contrabando de produtos de origem florestal e outros crimes, o ministro teria ido à superintendência da Polícia Federal em Brasília e cobrado explicações sobre o inquérito. Conforme apurou a coluna, Salles teria chegado no prédio da PF por volta das 8 horas da manhã, acompanhado por um assessor, um militar da reserva, que estaria armado para fazer a segurança de Salles devido a ameaças que o ministro teria recebido.
Ricardo Salles foi recebido pelo superintendente da PF em Brasília, que o informou que o caso está sob sigilo e é de responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
*Em destaque: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo da operação da PF. Foto: Ministério do Meio Ambiente/Flickr
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