Notícias

Aquecimento global: ultrapassado limiar crítico de carbono

Cientistas informam que concentração de gás carbônico (CO²) na atmosfera atingiu 400 ppm, nível preocupante. Chegamos ao ponto sem retorno?

Rafael Ferreira ·
18 de maio de 2013 · 12 anos atrás
Concentração de dióxido de carbono no observatório de Manua Loa, no Havaí. As medições, realizadas com regularidade desde 1958, são o melhor retrato da concentração do gás na atmosfera do planeta. Fonte: Scripps Institute of Oceanography/Divulgação.
Concentração de dióxido de carbono no observatório de Manua Loa, no Havaí. As medições, realizadas com regularidade desde 1958, são o melhor retrato da concentração do gás na atmosfera do planeta. Fonte: Scripps Institute of Oceanography/Divulgação.

Na sexta-feira 10 de maio, cientistas da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), agência norte-americana de controle da atmosfera, informaram que a concentração de dióxido de carbono (CO²) ultrapassou o temido marco de 400ppm (partes por milhão) na atmosfera, uma concentração que, estima-se, a Terra não vê há 3 milhões de anos. Os pesquisadores apontavam este limiar como o pico máximo antes que os efeitos do aquecimento global se tornassem perigosos.

O dióxido de carbono (CO²) captura calor na atmosfera. Ele é o principal causador do aquecimento global, fenômeno que muitos já consideram responsável pelas mudanças climáticas observadas recentemente: fortes tempestades, furacões, ondas gigantes, além dos verões e invernos mais rigorosos. Os cientistas acreditam que essa ultrapassagem prenuncia grandes mudanças no clima e no nível do mar.

A nova medida veio dos instrumentos de análise no topo do vulcão Mauna Loa, na ilha do Havaí, que tem sido o marco zero para acompanhar a tendência mundial de concentração de dióxido de carbono. Os dispositivos ali instalados coletam amostras do ar livre de poluentes, soprado através do Oceano Pacífico, proporcionando o melhor registro do aumento do nível de CO² no globo (veja o gráfico acima).

“Isto simboliza que, até agora, falhamos miseravelmente na resolução deste problema”, disse Pieter Tans P., diretor do programa de monitoramento da NOAA.

“Não há como impedir que a quantidade de CO² atinja 400 ppm”, disse Ralph Keeling, pesquisador do Instituto Scripps de Oceanologia (Scripps Institution of Oceanography), de San Diego, que conduz um programa de monitoramento paralelo ao NOAA. Dr. Keeling é filho de Charles David Keeling, pioneiro que começou as medições rotineiras de CO² no topo do Manua Loa e em outras localidades, no fim da década de 50. “Isso agora é passado. Mas o que acontece daqui em diante ainda importa para o clima, e ainda está sob nosso controle. E principalmente se resume a quanto continuamos a depender de combustíveis fósseis para a energia”.

Leia também

Podcast
15 de novembro de 2024

Entrando no Clima#35 – Não há glamour nas Conferências do Clima, só (muito) trabalho

Podcast de ((o))eco conversa com especialistas em clima sobre balanço da primeira semana da COP 29

Notícias
14 de novembro de 2024

Sombra de conflitos armados se avizinha da COP29 e ameaça negociações

Manifestantes ucranianos são impedidos de usar bandeira de organização ambientalista por não estar em inglês

Podcast
14 de novembro de 2024

Entrando no Clima#34 – Conflitos dentro e fora das salas de negociações comprometem COP29

Podcast de ((o))eco fala da manifestação silenciosa da Ucrânia e tensões diplomáticas que marcaram o quarto dia da 29ª Conferência do Clima da ONU

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.