Quatro dos membros do Conselho de Administração da Associação O Eco, inclusive a sua Presidente, decidiram participar juntos de uma viagem pelas rotas da migração dos gnus em áreas protegidas de Quênia e Tanzânia. Este é um brevíssimo relato ilustrado do que viram e experimentaram.
O percurso
A viagem ocorreu no fim de agosto e começo de setembro e se iniciou em Nairóbi. Todo o trajeto entre Nairóbi, no Quênia, e Arusha, na Tanzânia, foi feito em caminhonetes. Mais de 1.500 quilômetros foram percorridos incluindo as visitas diárias. O grupo pernoitou quase sempre em barracas, umas bem cômodas, outras nem tanto.
As visitas se realizaram na Área de Conservação Masai Mara, na Reserva de Fauna Masai Mara (Quênia), no Parque Nacional Serengueti, na Área de Conservação da Cratera do Ngorongoro e no Parque Nacional Tarangire (Tanzânia). Toda a viagem foi cuidadosamente planejada com o guia para evitar locais com aglomeração de turistas e para podermos apreciar espetáculos particularmente difíceis para o visitante que não é da área.
A viagem foi pesada. Mais de 11 horas diárias de caminhonete incômoda por rotas poeirentas e cheias de buracos, sob um calor infernal, exceto nas madrugadas, frias demais. A chamada era indefectivelmente as 5h30min da matina, ou antes, e a saída nunca depois das 7h, em geral às 6h30. Nunca voltamos ao acampamento antes das 18h30.
Nas barracas raramente havia água suficiente para um bom banho antes de irmos para a cama e jamais sobrava água para um banho matutino. Satisfazer necessidades fisiológicas no mato é perigoso e os guias as coíbem com as consequentes incomodidades para os viajantes. A comida, de outra parte, só raras vezes foi de boa qualidade e, em geral, em especial nas lancheiras diárias, é apenas sofrível.
Mas, declaramos, de forma unânime, sem dúvidas ou murmurações, que o esforço e o custo valeram a pena. Que recomendamos a todos e qualquer um que realmente goste da natureza viver essa experiência. Como me escreveu o nosso querido e respeitado Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, a África de hoje é apenas um pálido reflexo do que existiu há dez mil anos no Brasil. Visitar esse continente é indispensável para se compreender a nossa América do Sul.
A pior experiência da viagem foi, sem dúvida, a invasão da barraca de Miguel e Sineia por milhares de formigas militares ou legionárias (Dorylus). Durante a madrugada. Miguel sonhou com formigas na cara. Quando despertou o sonho era realidade. A cama, como toda a barraca, estava tapizada dessas vorazes formigas, capazes de matar pequenos animais domésticos e até crianças recém-nascidas quando invadem vivendas rurais. Sorte para eles que das varias espécies dessas formigas, comuns na África e na Amazônia (onde se agrupam no gênero Eciton, que é idêntico), foram atacados pela mais mansa.
Várias outras pequenas aventuras, que se mencionam adiante, foram desfrutadas pelos viajantes, algumas com elefantes e hipopótamos, outras com macacos e até com águias. Tudo maravilhoso!
A equipe
A equipe foi formada por Maria Tereza Jorge Pádua, Miguel Milano e a sua esposa Sineia Mara Zattoni, Maria de Lourdes Silva Nunes, Leide Yassuco Takahashi e Marc Dourojeanni.
Todos ambientalistas profissionais e convencidos.
Os Masai são originários do Nilo e progressivamente conquistaram as grandes savanas do Serengueti, no Quênia e na Tanzânia. São um povo guerreiro que mantém parte de suas tradições, incluindo a sua vestimenta. Uma teoria diz que a vestimenta e as armas dos Masai se originam nas que usaram as legiões romanas que ocuparam o norte de África.
Hoje, os Masai criam cabras, ovelhas e camelos, além de gado, e cedem parte das suas terras para agricultura intensiva de grãos. O excesso de pastoreio, o uso abusivo da terra agrícola, as queimadas e a fabricação de carvão vegetal estão degradando o ecossistema. É evidente a erosão dos solos e o empobrecimento da população. Felizmente, mais e mais Masai estão se incorporando a atividades de turismo, muitos como guias e motoristas, mas, também como empreendedores.
Os protagonistas principais
Outros habitantes dos rios e lagos
Os gigantes
Paisagens
Gazelas e zebras
Mais sobre a expedição e os expedicionários
Os quase humanos
Os predadores
Mais caçadores
Outros habitantes da Savana
A grande variedade de aves
Mais e mais paisagens
*Esse texto foi editado em 19/05/2024 para repaginação
As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.