A corrida imobiliária no país é avassaladora. Nunca se construiu tanto imóvel, casa e apartamento para morar parcelado em centenas de vezes. Entretanto, para que o sonho de cada brasileiro seja realizado com alicerce, parede e laje muita areia precisa sair das cavas, grandes buracos no solo que inutilizam o terreno para sempre e se parecem com crateras lunares, sem vida.
Na região Metropolitana do Vale do Paraíba a extração de areia através das cavas é comum. Há cidades que proibiram as escavações, como São José dos Campos, onde a atividade se tornou ilegal há 17 anos. Por isso, a construção civil compra de cidades vizinhas como Jacareí e Caçapava, onde a extração é extremamente agressiva ao meio ambiente.
Com a ideia de retomar o projeto a extração de areia, um grupo de vereadores resolveu sobrevoar de helicóptero e verificar do alto o estrago causado pelas cavas, pressionados pelas construtoras que acreditam em uma queda do preço do insumo se a areia for retirada em São José dos Campos.
Em São José dos Campos, verificou-se que existem inúmeras cavas desativadas. O impacto é evidente. Leva-se anos para que a área se recupere, mesmo assim as cavas acabam tomadas por água sem vida, inutilizada e poluída.
Só na região são 311 cavas de areia. A experiência de vê-las de cima prova o que ninguém do solo consegue perceber. Sobrevoamos de helicóptero por uma hora e meia, de Jacareí a Pindamonhangaba. O solo se parece mais com uma colcha de retalhos de variadas cores nos tons de marrom claro, verde e azul. A visão é impressionante. A maioria das cavas já está saturada e prestes a ser abandonada.
A maior surpresa do sobrevoo foi revelar a enorme cratera a apenas 50 metros da rodovia Presidente Dutra, em Jacareí. Cercada por eucaliptos para conter a elevação de detritos, ela também serve para esconder um estrago irrecuperável.
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