Líderes de 46 países se comprometeram a ‘“tomar ações decisivas e urgentes” para combater o tráfico internacional de espécies selvagens. A “Declaração de Londres” foi assinada essa semana, na capital inglesa, após dois dias de negociações a portas fechadas. Entre as medidas que as nações se comprometeram a adotar estão ações para erradicar o mercado de produtos oriundos da caça ilegal, acordos para fortalecer a aplicação das leis e promoção de alternativas sustentáveis para a sobrevivência e o engajamento das populações locais na luta contra a caça ilegal de animais selvagens.
A reunião foi acompanhada por organizações não-governamentais que lutam contra o tráfico internacional de espécies e também por instituições que podem agir ou oferecer recursos para combater esse tipo de crime. O Fundo Mundial para o Meio Ambiente (WWF) e a Traffic, rede internacional que monitora o tráfico de animais e plantas, divulgaram uma nota onde acolhem a declaração. Segundo as organizações, o documento reconhece as graves consequências econômicas, sociais e ambientais do tráfico internacional da fauna e da flora, destacando que a caça ilegal e o tráfico estão sendo controlados por organizações criminosas que minam o estado de direito, a boa governança e encorajam a corrupção.
Para a conselheira-chefe para espécies do WWF do Reino Unido, Heather Sohl, os governos que assinaram a declaração enviaram uma forte mensagem: “Crime contra a vida selvagem é um crime sério e tem que ser interrompído. Esse tráfico assola populações de espécies, mas também tira a vida de guardas-florestais, impede o desenvolvimento econômico dos países e desestabiliza a sociedade por meio da corrupção”, afirmou. Heather Sohl acrescentou que existe uma crise que precisa de atenção global urgente. Para ela é preciso garantir apoio político para a nomeação de um representante especial das Nações Unidas para tratar do tema.
Entre os países que assinaram a declaração estão alguns dos mais impactados pela caça ilegal de elefantes, como a República Democrática do Congo, o Gabão, o Quênia e a Tanzânia. Outros países, que representam pontos de passagem do marfim que vai da África para a Ásia assinaram, como Togo, Filipinas, Malásia e, o maior mercado ilegal do marfim, a China. África do Sul, Moçambique e Vietnã, afetados pela caça dos rinocerontes, também participaram das negociações e aceitaram o acordo.
Para o diretor-executivo da Traffic, Steven Broad, a Declaração de Londres foi um claro apelo para que os países cumpram seu papel no combate “às redes organizadas criminosas que estão destruindo ícones mundiais da vida selvagem, desestabilizando nações e a segurança internacional”. Para ele, a chave para apoiar os esforços são as ações voltadas para o mercado consumidor e a cadeia de abastecimento, que podem reduzir a demanda por produtos de origem na caça ilegal. “Nosso desafio agora é manter a pressão e ajudar a traduzir esta atenção em ação organizada, para colocar compromissos corajosos da Declaração em ação”, afirmou.
Leia Também
Caça ilegal de rinocerontes bate recorde
Rinocerontes africanos ameaçados pela caça
Elefantes banguelas e ecossistemas mutilados
Leia também
Vocês já viram o resultado do Pacto pela Transformação Ecológica dos Três Poderes?
Já estamos colecionando decisões judiciais contra o meio ambiente e não é de hoje. Mas o que nos espanta são as últimas decisões divulgadas pela grande mídia. Uma mais assustadora do que a outra. O crime ambiental de Mariana, em Minas Gerais, acaba de ter decisão que absolveu as empresas que exploram o meio ambiente →
10 Livros para Mergulhar em Conservação, parte 5: Colapso
A ideia central deste livro espetacular é que os problemas ambientais são importantes atores subestimados da história →
SPVS completa 40 anos com legado de transformação no Paraná
ONG é responsável pela proteção de mais de 19 mil hectares de Mata Atlântica e mantém diversos projetos bem-sucedidos de conservação de fauna e flora. →