Salada Verde

Deputados mineiros voltam atrás e maioria mantém veto de Zema à expansão de Fechos

Por 40 votos a 21, parlamentares mantém veto do governador, que defende interesses da mineração contra expansão da Estação Ecológica de Fechos, na região metropolitana de BH

Duda Menegassi ·
25 de abril de 2024
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Em decisão favorável aos interesses da mineração, parlamentares mantêm veto do governador Romeu Zema (Novo-MG) sobre a expansão em 222 hectares da Estação Ecológica de Fechos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A votação foi realizada em sessão plenária movimentada nesta quarta-feira (24), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com forte participação da sociedade civil, que compareceu munida de cartazes em defesa de Fechos. Sob vaias e gritos de indignação, foi anunciado o placar final, 40 x 21 pela manutenção do veto do governador. 

O projeto de lei nº 96/2019, que amplia a estação ecológica, havia sido aprovado em dezembro do ano passado por unanimidade na Assembleia e convertido em  Proposição de Lei n° 25.628. A ampliação teria como objetivo garantir a proteção do manancial de água da Bacia do Ribeirão dos Fechos, que cumpre importante papel na segurança hídrica da região. Com a proposta, a unidade de conservação passaria a ter um total de 825,07 hectares, em domínio da Mata Atlântica.

Menos de um mês depois que ambientalistas celebraram a aprovação na ALMG, veio a dura resposta do governador, com veto total à proposição. Em defesa dos interesses da mineração, Zema justifica que o aumento da estação ecológica “avançaria sobre área de grande potencial econômico (…) uma vez que se trata de área com potencial de lavra de 7 milhões de toneladas de minério de ferro por ano”.

O limite explícito entre a Estação Ecológica de Fechos, em Nova Lima, e a mineração. Foto: João Marcos Rosa

Autora da proposta, a deputada Ana Paula Siqueira (Rede-MG) classificou o veto como “um veto covarde do governador Romeu Zema que atenta à vida futura da nossa população”. Mesmo com o voto em peso da oposição, formada por parlamentares da Rede, PT, PV, PCdoB, PSOL, não houve maioria para derrubar o veto na casa legislativa.

Estação Ecológica de Arêdes: veto parcial também se mantém

Nesta quarta, os deputados também votaram sobre o veto parcial de Zema à proposição de lei n° 25.631, que altera os limites da Estação Ecológica de Arêdes, no município de Itabirito, e cria o Corredor Ecológico Moeda-Arêdes, para conectar a área protegida com o Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda. 

A proposta, que também havia sido aprovada pelos deputados em dezembro do ano passado, recebeu o veto parcial do governador, que embarreirou os artigos sobre a criação do corredor. A decisão de Zema foi mantida pela maioria dos deputados, com um placar de 36 a 24. 

Com isso, a Estação Ecológica de Arêdes oficializa uma mudança em seu desenho, com exclusão de 27 hectares e acréscimo de outros 61, numa extensão total de 1.220 hectares. A área removida da unidade de conservação – oficializada na Lei nº 24.631/2023 – poderá agora ser explorada pela Minar Mineração, que pretende retomar a extração de minério de ferro no local, em mais uma decisão do governador que favorece os interesses das mineradoras.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Notícias
16 de janeiro de 2024

Zema veta ampliação de área protegida e favorece mineradoras em Minas Gerais

Em decisão justificada pelo potencial minerário da área, o governador de MG veta totalmente a ampliação da Estação Ecológica de Fechos, na Grande BH

Notícias
21 de dezembro de 2023

Deputados mineiros aprovam ampliação da Estação Ecológica de Fechos

Durante plenário, deputados aprovaram ampliação da Estação Ecológica de Fechos e alteração de limites controversa da Estação Ecológica de Arêdes

Reportagens
18 de outubro de 2023

Sob olhar dos profetas e protesto dos moradores, mineração avança na Serra do Pires

Mineração em uma das últimas áreas de campos ferruginosos de Congonhas tem impactado o abastecimento de água e transformado a paisagem da cidade histórica de Minas Gerais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.