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Publicado originalmente por Fakebook.eco
Análise de dados divulgados pelo Inpe nesta sexta-feira (13/8) mostra que o desmatamento em julho nos 26 municípios da Amazônia em que os militares atuam ficou praticamente no mesmo patamar de 2020. Houve queda de 29,4% das multas do Ibama por crimes contra a flora em relação ao mesmo mês do ano passado nessas cidades, apontadas como prioritárias para o combate ao desmatamento em decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no fim de junho.
A redução da área de alertas de desmatamento foi quase sete vezes maior nos municípios que estão fora da lista oficial de prioritários (queda de 17,3% em relação a julho de 2020) do que naqueles em que os militares atuam, onde houve variação negativa de apenas 2,6%. Em todos os municípios da Amazônia Legal a queda foi de 9,7% no mesmo período.
No caso da degradação (remoção parcial da floresta) houve aumento de 214% em julho nos municípios em que o Exército opera na comparação com o mesmo mês de 2020. Já naqueles sem ação militar a área de alertas de degradação caiu 55%.
Mesmo com o “reforço” de cerca de 3.000 militares, o Ibama aplicou apenas 60 autos de infração por crimes contra a flora em julho nos 26 municípios apontados como prioritários, segundo dados disponíveis na base pública do instituto. É um quinto do total de autos aplicados nessas cidades no mesmo mês de 2016, início da série do sistema Deter-B, do Inpe, embora a área de alertas de desmatamento tenha quase dobrado nesse período.
Com o resultado de julho, após quatro meses consecutivos de alta recorde, foi registrada queda de 4,6% na área de alertas para toda a Amazônia em 12 meses. Os 8.793 km2 representam a segunda maior cifra da série do Deter-B, perdendo apenas para o ano passado. Os três recordes da série foram batidos no governo Bolsonaro.
O decreto assinado pelo presidente no fim de junho restringiu a atuação dos militares a 26 municípios de quatro estados da Amazônia na Operação Samaúma. Esses municípios concentraram pouco mais de metade (55,5%) da área de alertas de desmatamento em julho.
A operação miliar foi retomada após dois meses de hiato, e está prevista para ocorrer até 31 de agosto: envolve 3 mil militares, com custo de R$ 50 milhões, segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia. Na última segunda-feira (9/8), o general afirmou que os resultados da Samaúma em julho “são bem animadores”.
A operação militar Verde Brasil já havia fracassado em 2020, quando o desmatamento atingiu a maior taxa em 12 anos.
No fim de agosto, Mourão vai participar, ao lado de dois negacionistas da crise climática, de seminário organizado pelo Instituto General Villas Bôas, organização criada pelo ex-comandante do Exército, informou o UOL.
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