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Quentinhas do Clima #6 – “Acordo de Paris” para a biodiversidade

Restauração, corais e novas fontes poluidoras. Veja os destaques do sexto boletim com as notícias mais recentes da COP 27

Cristiane Prizibisczki ·
17 de novembro de 2022 · 2 anos atrás
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Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Nem só de Lula viveu a COP 27 nos últimos dias. Enquanto as negociações caminham a passos lentos nas salas fechadas da Conferência do Clima, faltando oficialmente apenas um dia para acabar o encontro, outros assuntos paralelos continuam em pauta.

Nesta quinta-feira (17), intitulado Dia da Biodiversidade, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), junto com o governo alemão, lançaram a iniciativa ENACT, que tem o objetivo de garantir a proteção de 45 milhões de hectares, o manejo sustentável de dois bilhões de hectares e restauração de 350 milhões de hectares de ecossistemas ao redor do globo.

A iniciativa, apelidada de “Acordo de Paris” da biodiversidade, busca soluções compartilhadas e caminhos definidos para intensificar ações que unam as agendas de mudanças climáticas e biodiversidade.

“A biodiversidade em nosso planeta está no centro do bem-estar econômico, social e cultural das pessoas, mas a mudança climática está acelerando a perda de biodiversidade em todo o mundo. A rápida destruição dos ecossistemas está aumentando nossa vulnerabilidade ao impacto das mudanças climáticas. Não podemos lidar com a perda de biodiversidade sem aumentar nossa implementação de soluções climáticas. Eles não são mutuamente exclusivos. Por meio de iniciativas como o ENACT, a presidência egípcia da COP 27 defenderá a integração de soluções baseadas na natureza bem coordenadas em escala global que são tão urgentes quanto nossa resposta às mudanças climáticas”, disse  o Presidente da COP 27, S.E. Sameh Shoukry, por ocasião do lançamento da iniciativa nesta quinta.

A ENACT também tem como objetivos melhorar a proteção e resiliência aos impactos climáticos de pelo menos 1 bilhão de pessoas vulneráveis, incluindo pelo menos 500 milhões de mulheres e meninas.

As áreas de foco do ENACT são: Segurança Alimentar e Produtividade da Terra; Adaptação e Redução do Risco de Desastres; Oceanos e Economia Azul Sustentável; Resiliência urbana; Infraestrutura Verde-Cinza, metas e estratégias de mitigação nacionais e subnacionais; mobilização do investimento privado em soluções baseadas na natureza e soluções baseadas em saúde, clima e natureza.

Durante todo o dia, ministros de estado e cientistas também estiveram reunidos para discutir o papel da conservação, restauração e gestão de ecossistemas na conservação dos estoques e sequestro de carbono.

Corais sob os holofotes

Os recifes de corais também tiveram espaço nas discussões paralelas da COP 27. Fornecedor de alimento direto para mais de 500 milhões de pessoas em todo mundo e locais de rica biodiversidade, os recifes estão entre os ecossistemas mais ameaçados pelas mudanças climáticas, sendo sua única possibilidade de sobrevivência a limitação da temperatura média global bem abaixo dos 2ºC. 

Como a COP 27 está sendo realizada no balneário de Sharm El Sheikh, famosa por seus recifes de coral, estes ecossistemas assumiram significado especial nas discussões. Os corais do Mar Vermelho estão entre os últimos sobreviventes no século 21. Na semana passada, os Estados Unidos, por meio da USAID, o PNUD e o Fundo Global para Recifes de Coral, lançaram a Iniciativa Mar Vermelho, com o objetivo de sua preservação.

Novas fontes poluidoras

Em 48 das 55 nações africanas, as empresas de petróleo, gás e carvão estão explorando ou desenvolvendo novas reservas fósseis, construindo novas infraestruturas fósseis. Companhias europeias em particular estão investindo desproporcionalmente em infraestrutura de gás na África, de acordo com um novo relatório “Quem está financiando a expansão de combustíveis fósseis na África?”, realizado por 33 ONGs africanas em conjunto com as organizações Urgewald, Stop EACOP, Oilwatch Africa e Africa Coal Network. O documento foi divulgado nesta quinta.

Negociações

Enquanto as negociações estão emperradas em muitas das questões que envolvem dinheiro, um resultado claro desta COP 27 é que os países em desenvolvimento saíram com uma voz muito mais forte e tomaram em suas próprias mãos a catalisação do financiamento climático para realizar ações urgentes a curto prazo. 

O que de concreto vai sair da Conferência ainda é uma incógnita, já que nenhum documento final foi apresentado e as discussões devem se estender pela madrugada de sexta e todo dia de sábado. O prazo final para o fim das discussões era amanhã.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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Comentários 1

  1. Manuela Martins diz:

    Vocês poderiam me dizer qual impacto ambiental a heroína causa?