Os ministérios públicos Federal e Estadual da Bahia pediram o fim das obras e da operação de usinas eólicas por arriscarem grupos da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Foram acionados o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e duas geradoras da Voltalia Energia do Brasil.
A ação é fundamentada em denúncias de ONGs e de povos tradicionais da Caatinga sobre impactos dos empreendimentos. As usinas coincidem com moradas e rotas de voo da espécie – classificada como Em Perigo de extinção –, o que pode eliminar aves por choques elétricos ou com as estruturas.
De acordo com os MPs, o governo baiano licenciou as usinas sem aprofundar estudos de impactos e realizar audiências públicas necessárias para um empreendimento junto a espécies migratórias ou que podem sumir do mapa, como pede a Resolução 462/2014 do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Além da arara-azul-de-lear, a área influenciada pelas usinas abriga ao menos outros quatro animais em risco de extinção: o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), o jaó-do-sul (Crypturellus noctivagus), a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus).
Também há espécies de morcegos que só vivem naquela região e que é rota para 24 espécies de aves migratórias. A investigação dos MPs detectou, ainda, espécies da flora com corte proibido, como o umbuzeiro (Spondias tuberosa) e o licurizeiro (Syagrus coronata).
Em julho de 2022, a empresa de origem francesa Voltalia abriu mão de um projeto eólico no município de Curaçá, igualmente no sertão da Bahia. Na região, são reintroduzidos exemplares da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), que havia sido extinta na natureza por caça, tráfico e desmatamento.
Em dezembro passado, 70 organizações civis e associações comunitárias denunciaram ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos as ameaças de projetos eólicos a comunidades, fauna e flora da Caatinga, como mostrou ((o))eco.
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Sou a favor que não façam as usinas eólicas e que também toda a região seja desprovida de energia elétrica. Viva as ararinhas e as lamparinas !!
É piada, ou conversa pra enganar gente besta, essa de que as Torres Eólica, tem sensores, que para as hélice. Pode até parar, mas não evita o impacto das aves com aqueles equipamentos enormes.