Lançado esta semana, um balanço aponta 22 empresas globais vendendo e promovendo performances “circenses”, interações nocivas e explorando animais selvagens.
As atividades incluem alimentar botos amazônicos, tirar selfies com macacos e araras, passear e dar banho em elefantes e nadar com golfinhos.
O relatório é da Proteção Animal Mundial e foi construído em parceria com a Universidade de Surrey (Reino Unido).
Oito das companhias listadas atuam no Brasil e algumas já removeram os conteúdos com “práticas ultrapassadas” de suas plataformas.
“[Essas empresas] se tornam exemplos para concorrentes e [mais] atrativas para consumidores. Isso é interessante para elas em termos de reputação”, diz David Maziteli, gerente de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.
Confira aqui o relatório.
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Esse é um alerta que deveria ser considerado em atividades de observação de vida silvestre em geral no Brasil. Tenho visto cada vez mais fotos de passarinhos comendo na mão de pessoas, o que não tem nada a ver com a prática de “observação” de aves. Em um primeiro momento pode parecer inofensivo, fofinho, encantador. Mas na prática, estamos só estendendo às aves silvestres nossa necessidade de domesticar, amansar, subjulgar, dominar, “petizar” o que deveria continuar selvagem.
Fiquemos atentos para não habituar uma prática que é considerada ultrapassada e mesmo nociva à fauna silvestre. Existem muitos riscos, tanto para os animais, quanto para o ser humano nesse contato, ainda mais em tempos de gripe aviária se espalhando pelo Continente. Mas, para mim, o grande risco continua em nunca conseguirmos olhar para a natureza com um olhar apenas contemplativo, respeitoso, sem envolver dominação e “posse”.
Aprendemos muito mais em observar e registrar seu comportamento natural do que fazendo o passarinho (ou qualquer outro animal) se comportar como queremos.