Newsletter O Eco+ | Edição #218, Outubro/2024
20 de outubro de 2024
Retomar a pavimentação da BR-319, rodovia de 877 km que já ligou as capitais de Porto Velho (RO) e Manaus (AM) e que hoje se resume a um caminho esburacado e engolido pela mata, expõe a dualidade e a falta de consenso sobre o que fazer com uma das áreas mais sensíveis de toda a Amazônia. O Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) incluiu, nas prioridades do pacote, a pavimentação de um trecho de 52 km da rodovia, em território amazonense. Sem meias palavras, Lula disse que quer a estrada de volta e que isso não é mais uma hipótese: “Vamos preparar o Estado, para que a gente possa entregar, definitivamente, a ligação entre Manaus e Porto Velho”. Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, defende a necessidade de se ter um “estudo baseado em dados e evidências científicas”, mas não para liberar a reconstrução da rodovia, e sim para “ter uma resposta definitiva” sobre sua viabilidade ou não. Esse embate – e o histórico da estrada tão discutida – estão esmiuçados na reportagem de André Borges.
Em 1979, no meio de um terreno em Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nasceu o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, mais conhecido pela sua sigla, CPRJ. E junto com ele, o estudo de primatas no país ganhava a sua base. Ao longo dos anos, a estrutura cresceu. Hoje são 140 recintos, que abrigam por volta de 400 animais de aproximadamente 30 espécies diferentes. “O CPRJ é o verdadeiro marco físico da primatologia no Brasil”, sentenciou uma vez o professor e médico-veterinário Milton Thiago de Mello. Confira a trajetória do CPRJ e os caminhos da primatologia brasileira na reportagem de Duda Menegassi.
Santa Cruz é um dos 43 bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, região que abrange cerca de 70% do território da cidade e abriga 41% da população carioca, segundo dados do censo de 2022. O que a ZO tem de abundância em extensão, tem também de desigualdade. De acordo com o Censo 2010, último com dados municipais, enquanto a Zona Sul da cidade tem um IDH registrado em 0,9, o da Zona Oeste é um pouco mais de 0,7. O local sofre um fenômeno chamado de “zonas de sacrifício”, áreas que são uma consequência do que entende-se como injustiça ambiental, que é um tipo de injustiça social, segundo o professor e pesquisador de geografia da UERJ, Thiago Roniere. O racismo ambiental entra na manutenção dessas injustiças, conforme explicado na reportagem de Daniella Mendes e Júlia Mendes para o especial ‘Fervo Urbano’.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
BR-319, a estrada da discórdia na Amazônia
Os 45 anos da pedra fundamental da primatologia no Brasil
(in)justiça ambiental, para além de um conceito
· Conservação no Mundo ·
Crise de sementes. A Europa tem sido alvo de uma “preocupante crise de dispersão de sementes”, concluiu um estudo de pesquisadores da Universidade de Coimbra, em um artigo publicado na revista científica Science. Uma das causas apontadas é a situação frágil de animais dispersores e/ou polinizadores que transportam sementes para novos lugares. A equipe constatou que um terço dessas 398 espécies estão hoje ameaçadas de extinção ou em risco num futuro próximo. [wilder]
Uma nova floresta. A Floresta Kirisia (Quênia) exemplifica como uma comunidade dedicada pode impulsionar esforços de conservação para restaurar e proteger o seu ambiente natural. Gerida pelo Serviço Florestal do Quênia (KFS, em inglês) e pela Associação Florestal Comunitária de Kirisia (CFA, em inglês), a floresta tem registrado resultados significativos de reflorestação e rejuvenescimento, regados pela força da responsabilidade comunitária. Esta transformação não só restaurou o equilíbrio ecológico, mas também abriu novos caminhos para a geração de uma renda sustentável. [Afr100]
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
Contra Fogo | Pablo Casella
Um grupo de brigadistas voluntários, entre eles Cunga, Zia, Trote, Jotão, Adobim, Firóso e Abner, mais o cachorro Mutuca, são liderados por Deja, narrador deste romance. Moradores da região da Chapada Diamantina, na Bahia, eles arriscam a própria vida para deter o avanço descontrolado das chamas que devoram a fauna, a flora e os rios. Sem poder aguardar a ação das autoridades burocráticas, eles aprenderam a apartar a briga do fogo com a terra na marra. Sobretudo nos tempos de seca, em que se enfiam nas matas por dias e dias, sem descanso. Cada um desses personagens expande ao seu modo esse universo peculiar, mas é a visão de Deja, personagem principal, que torna tudo complexo e vivo.
• Pra assistir •
Fazedores de Floresta | Tadeu Jungle
Este documentário road movie mostra o reflorestamento da Amazônia, na área do Alto Xingu. Pequenos agricultores, pessoas da cidade e povos indígenas formam um grupo de coletores de sementes organizado pela Rede de Sementes do Xingu. Com elas, grandes fazendeiros conseguem reflorestar áreas em suas propriedades.
• Pra ouvir •
Fake news climática e voto dissonante com a realidade | Entrando no Clima
Os resultados das urnas de todo Brasil mostraram que os crescentes impactos das mudanças climáticas ainda não foram suficientes para converter votos. E enquanto eleitores e candidatos do Brasil fecham os olhos para o problema, as notícias falsas sobre o clima continuam a se espalhar, dentro e fora do país, comprometendo a luta global por um futuro viável para a humanidade. No 27º episódio de Entrando no Clima, Cristiane Prizibisczki entrevista Carlos Eduardo Barros, pesquisador do NetLab- UFRJ, para entender como as fake news climáticas são criadas e distribuídas no Brasil, e sobre o que podemos fazer para combatê-las.