Salada Verde

Troika da COP expandirá produção de petróleo e gás em 32% até 2035, aponta pesquisa

Estudo da Oil Change International revelou que Emirados Árabes Unidos (EAU), Azerbaijão e Brasil estão na contramão do que se comprometeram a cumprir até 2050

Júlia Mendes ·
30 de outubro de 2024
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Os países da Troika das COPs – Emirados Árabes Unidos (EAU), Azerbaijão e Brasil – planejam expandir a produção de petróleo e gás em 32% até 2035, segundo uma pesquisa da organização Oil Change International. Levando em conta a meta de limitar o aquecimento da Terra a 1,5° C, essas nações vão no sentido contrário ao que se comprometeram a defender como presidências da COP: deter o avanço dos combustíveis fósseis. 

Globalmente, os países têm até o início de 2025 para apresentarem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são compromissos climáticos nacionais para atingir as metas do Acordo de Paris. As NDCs devem ser revistas a cada cinco anos e no ano que vem serão apresentados os planos para o período entre 2030 e 2035. O Brasil já havia anunciado que um novo compromisso “mais ambicioso” para 2035 será exposto antes da COP 30. 

Segundo a Agência Internacional de Energia, a produção global de combustíveis fósseis deveria diminuir 55% até 2035 para limitar o aquecimento a 1,5°C. A pesquisa da OCI mostra que a projeção de aumento na produção de petróleo e gás até 2035 é de 36% para o Brasil, 34% para os Emirados Árabes Unidos e 14% para o Azerbaijão. Juntas, as nações da Troika representam quase um terço da futura poluição por carbono vinda de campos de petróleo e gás recém-aprovados em 2024.

Shady Khalil, estrategista sênior de política global da Oil Change International diz que a Troika das COPs foi criada para gerar colaboração e ambição em apoio ao limite de temperatura de 1,5°C. Ao avançar com novos projetos massivos de combustíveis fósseis, de acordo com ele, o grupo corre o risco de dar um péssimo exemplo para outros países que estão trabalhando em suas NDCs. “A ciência é incontestável: não há espaço para expansão de combustíveis fósseis se quisermos alcançar essa meta”, completou. 

Apesar de terem patrocinado o acordo da COP28 para a eliminação gradual de combustíveis fósseis, os EAU lideram o mundo na aprovação de novos projetos de petróleo e gás desde dezembro de 2023. O Brasil, que tem como atual NDC reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 53% até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050, ocupa o terceiro lugar em 2024.

Não obstante, os países do Norte Global ainda lideram o ranking da produção de petróleo e gás a longo prazo. Pesquisas anteriores da Oil Change International mostram que apenas cinco países desenvolvidos – EUA, Canadá, Austrália, Noruega e Reino Unido – serão responsáveis por cerca de 50% da poluição por carbono de novos campos de petróleo e gás e poços de “fracking” até 2050. 

  • Júlia Mendes

    Estudante de jornalismo da UFRJ, apaixonada pela área ambiental e tudo o que a envolve

Leia também

Salada Verde
26 de junho de 2024

Brasil dobra aposta em fósseis e põe plano de transição no gerúndio

Ministério de Minas e Energia diz que está produzindo documentos preparatórios para a política, mas não pode divulgar data de conclusão

Notícias
15 de maio de 2024

Bancos investiram quase 7 tri de dólares em fósseis desde Acordo de Paris

Enquanto financiamento climático patina, US$ 705 bilhões foram injetados em energia suja apenas no ano passado, mostra relatório

Reportagens
8 de fevereiro de 2024

‘Não se combate a crise climática injetando dinheiro em combustíveis fósseis’

Sandra Guzmán, fundadora do Grupo de Financiamento Climático para a América Latina e o Caribe, fala ao Diálogo Chino sobre os desafios regionais para financiar as ações contra as mudanças climáticas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.