O diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (|paam), Juliano Valente, foi afastado de seu cargo após a Polícia Federal deflagrar a Operação Expurgare nesta segunda-feira. Valente estaria envolvido em um suposto esquema criminoso que envolve grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e fraudes na geração de créditos de carbono na amazônia e apreensão de R$ 1 bilhão de capitalização.
De acordo com a PF, a organização criminosa contava com a participação de servidores ocupantes de cargos estratégicos e de direção do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Esses servidores utilizavam suas posições para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento. A Justiça Federal determinou afastamento de cinco servidores do órgão, incluindo Juliano Valente.
Valente foi reconduzido ao cargo em 2023 por decisão do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), durante o seu segundo mandato. Questionamos o governo do Amazonas a respeito do posicionamento de Lima, mas ainda não obtivemos retorno.

Dois servidores da diretoria do Ipaam foram presos preventivamente e são investigados pelos crimes contra o Meio Ambiente, Patrimônio Genética contra a Flora. As ordens judiciais foram expedidas pela 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária da Subseção Judiciária de Manaus (AM). São eles: Francielho Araújo Oliveira, e Fábio Rodrigues Marques, indiciados em 2019 durante a Operação Arquimedes, que investigou a exploração ilegal de recursos florestais na Amazônia e envolvimento de empresas do ramo madeireiro com atividades no mercado nacional e internacional.
Fabio Rodrigues Marques foi flagrado no mesmo ano, quando era diretor jurídico do Ipaam, em conversas telefônicas do ex-deputado Orlando Cidade, que teria, segundo as investigações da Polícia Federal, participado de um esquema de pagamento de propina para servidores do Ipaam e, assim, teria obtido facilitações em vistorias feitas na cooperativa que era responsável, a Cooperpeixe.
Além disso, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão à superintendente de Agricultura e Pecuária no Amazonas, Dionísia Soares Campos, filha do deputado estadual, Sinésio Campos (PT).
A operação é a terceira fase e continuação da Operação Greenwashing, que já havia revelado um esquema de fraudes fundiárias que se estendeu por mais de uma década e foi iniciado em Lábrea/AM, envolvendo a duplicação e falsificação de títulos de propriedade. Essas fraudes resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.
As ações foram realizadas nos estados do Amazonas, Pernambuco e Rondônia. A investigação é conduzida pela superintendência da polícia em Rondônia, entretanto, a decisão sobre as medidas da operação foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Manaus(AM).
Em nota, o Governo do Amazonas informou que “está à disposição para prestar as informações necessárias e auxiliar às autoridades no esclarecimento dos fatos”. O governo também ressaltou “que não compactua com quaisquer práticas ilícitas de seus servidores e, dessa forma, os envolvidos na operação serão afastados e exonerados de seus cargos” e que “todas as atividades desenvolvidas pelos órgãos estaduais são pautadas na transparência e legalidade em suas ações”.
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