Tão arrebatador quanto os preços das diárias em Belém (PA) para a COP30, o calorão provocado pela destruição de florestas tropicais está matando ao menos 28 mil pessoas no mundo a cada ano. Essa população encheria o estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP), ou mais de 80 aviões Boeing 737.
A chocante revelação está num estudo internacional publicado na revista científica Nature Climate Change, que incluiu pela primeira vez as regiões tropicais nas Américas, África e Ásia.
Feita pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds (Reino Unido), Fiocruz e Universidade Kwame Nkrumah (Gana), a investigação indica que, de 2001 a 2020, 345 milhões de pessoas foram expostas a um aquecimento fora da curva provocado pelo desflorestamento tropical.
O estudo aponta que o desmate e calor em alta podem agravar problemas cardiovasculares, respiratórios e renais em populações vulneráveis, e, em certas regiões, aumentam também o risco de doenças como a malária, ampliando tanto a mortalidade direta quanto as enfermidades associadas.
A perda de cobertura florestal no período analisado foi de aproximadamente 1,6 milhão de km² – quase duas vezes a área do estado do Mato Grosso –, sendo 760 mil km² nas américas Central e do Sul, 490 mil km² no sudeste asiático e 340 mil km² na África.
*Com informações da Fiocruz.
Leia também
A desinformação climática e o marketing da morte
Indústria fóssil impediu deliberadamente ações para enfrentar as mudanças climáticas, mesmo sabendo dos riscos →
Calor permitiu invasão da zika, diz estudo
Modelo desenvolvido por britânicos mostra que temperaturas extremas causadas pelo El Niño de 2015 foram chave para a disseminação do vírus que causa microcefalia na América do Sul →
‘Ondas de calor estão se tornando mais letais’, alerta pesquisador
Devido ao aquecimento global, as ondas de calor recordes aumentaram cinco vezes nas últimas décadas e se tornaram um dos desastres naturais mais mortais, com letalidade comparável à de pandemias →




