Notícias

Dono de RPPN sofre

Ele esperou seis anos pela criação da reserva particular e hoje é responsável pela anuência de todo tipo de empreendimento no entorno da área protegida.

Aldem Bourscheit ·
16 de outubro de 2009 · 16 anos atrás
RPPN Maragato em Passo Fundo (RS), cerca de empreendimentos. Foto: Divulgação.

Rogério Guedes amargou seis anos aguardando que o governo federal aprovasse a criação de sua reserva particular do patrimônio natural, em Passo Fundo, norte do Rio Grande do Sul. Batizou os pouco mais de quarenta hectares com “Maragato”, alcunha dos sulistas que iniciaram a Revolução Farroupilha em 1893 contra os desmandos do poder central. Nos últimos dois anos, vem acumulando forças e dinheiro para tentar montar uma pousada. “Em busca da tal sustentabilidade”, explica.

Mas ser dono de reserva particular no Brasil é padecer no paraíso, sem ofensa às mamães de plantão. Graças a “instruções normativas” editadas pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e baseadas em uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente de 1990, Guedes é obrigado agora a dar aval para todo e qualquer empreendimento num raio de dez quilõmetros de sua propriedade. “A RPPN é mais respeitada agora, mas sou cobrado pela prefeitura e por empreendedores. Já dei anuência para laticínio, chapeação, depósito de resíduos industriais. É muita responsabilidade”, disse.

Segundo ele, os documentos são enviados pelos empreendedores ao órgão estadual de meio ambiente e ao ICMBio em Florianópolis (SC), responsável pela Região Sul.

Na prática, o órgão federal criou uma espécie de filtro para licenciamentos com base no aval de proprietários ou gestores de áreas protegidas, pois a regra vale para todas. Daí a pressão de setores da indústria, do agronegócio e do próprio governo no Conselho Nacional do Meio Ambiente, pela derrubada das regras que fixam as zonas de amortecimento em unidades de conservação.

Saiba mais:
Zona de amortecimento melada
Sem autorização do gestor

  • Aldem Bourscheit

    Jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agron...

Leia também

Reportagens
19 de maio de 2025

Maior área contínua de Mata Atlântica pode ser mantida com apoio do turismo

O setor e outras economias que assegurem ambientes naturais e populações locais precisam de mais investimentos e incentivos

Reportagens
16 de maio de 2025

Petroleiras aproveitam disputas entre indígenas e ocupam papel de Estado enquanto exploram territórios no Equador

Nos últimos 30 anos, as três empresas que operaram o bloco 10 adotaram estratégias para fragmentar as comunidades e torná-las dependentes de suas atividades. Mas organizações indígenas resistem a essa pressão

Notícias
16 de maio de 2025

Desmatamento em Unidades de Conservação cai 42,5% em 2024

Número é do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, feito pelo MapBiomas. Em Terras Indígenas, a redução foi de 24% no ano passado, em comparação com 2023

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.