Em junho, a imprensa nacional teve uma pauta dramática: as cidades que margeavam os rios Una, Carimã e Itaperibú em Pernambuco e Alagoas foram invadidas e as águas vieram com poder de destruição. Várias cidades foram destruídas e, passado o trauma, começam a ser reconstruídas. Por causa disso, o Ministério Público de Pernambuco na cidade de Barreiros, a 91 quilômetros da capital e um dos municípios mais atingidos pelas cheias, entrou com uma ação para que a prefeitura da cidade não autorize construção nas margens dos rios.
Logo depois das chuvas, estudiosos analisaram a ocupação das cidades ao longo dos rios e apontaram a urbanização da área de segurança do leito do rio como um dos principais motivos para a destruição. O professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Abelardo Montenegro, especialista em hidrologia e tecnologia rural, disse também que as cidades pernambucanas e alagoanas prejudicaram o curso das águas com a colocação de dejetos, lixos e entulhos.
O promotor de Barreiros, Flávio Falcão, autor da ação, segue o mesmo raciocínio e argumenta que faltou área para o escoamento das águas. “Como as margens dos rios estavam repletas de imóveis, foi impossível evitar a destruição.”
Agora o promotor Flávio Falcão não quer ver o mesmo filme outra vez. Na ação, disse que seu o objetivo é preservar as margens para evitar outra tragédia. Em outra frente, o Ministério Público do estado quer reunir, além das instituições municipais, secretarias estaduais e outras prefeituras para se discutir a reurbanização dos municípios.
O Ministério Público cobra do município, que é o responsável pela fiscalização. O prefeito de Barreiros, Antônio Vicente, informou que a construção de imóveis nas margens dos rios já está proibida. “Fomos orientados pela Operação Reconstrução, do governo do Estado. Também solicitamos ajuda para mapear e identificar as áreas de risco”. Em Pernambuco, 35 municípios da Zona da Mata, região canavieira, foram afetados com as chuvas e enchentes de junho.
Leia também
Uso do solo favoreceu tragédia
Tragédia do Nordeste vista em detalhes
Leia também
Em duas décadas, vegetação nativa perdida no Brasil tem quatro vezes a extensão de Portugal
Entre 2004 e 2023 foram convertidos 40,5 milhões de hectares de florestas para atividades produtivas, principalmente agropecuária, nos biomas brasileiros →
Desafios e futuro da preservação ambiental marcam 1º dia do Seminário de Jornalismo Ambiental ((o))eco
Evento marcou o início da comemoração de 20 anos de ((o))eco, com mesas de conversa, entrevistas, mostra de cinema e lançamento da Bolsa Reportagem Vandré Fonseca de Jornalismo Ambiental →
De olho nas formigas: ICMBio convida sociedade a ajudar na coleta de dados sobre espécies
Órgão ambiental abre consulta pública para avaliar risco de extinção de formigas, pessoas podem enviar contribuições como registros e fotos até o dia 8 de setembro →