Notícias

Falta transparência no financiamento do clima

Nações desenvolvidas não estão cumprindo de forma clara a promessa de doação de verba, firmada em 2009, para os países em desenvolvimento.

Flávia Moraes ·
27 de setembro de 2011 · 14 anos atrás
 
Um levantamento feito pelo IIED (Instituto Internacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento) aponta a falta de transparência em relação às doações das nações desenvolvidas para o financiamento das questões relacionadas ao clima nos países menos desenvolvidos. Num ranking elaborado através de um sistema de pontuação, os países que mais se destacaram em cumprir o acordo feito em 2009, na COP 16 (Copenhagen), foram a Noruega e o Japão e, mesmo assim, seus escores ficaram em torno de 50% de aproveitamento.

Para avaliar o desempenho e comprometimento de cada país, o IIED baseou-se nos relatórios de atividades, doações e propostas entregues em maio de 2011 para a Organização das Nações Unidas (ONU). Foram criados 25 critérios a partir de três questões centrais: se as informações do relatório estão claras e são adequadas; se os métodos para estabelecer a alocação do financiamento do clima foram claramente definidos e se os dados foram apresentados de maneira adequada em relação aos projetos individuais propostos.

Das 10 nações avaliadas, os primeiros no ranking de transparência e eficiência na doação dos recursos foram a Noruega, com 52%, o Japão, com 50%, e a União Europeia, com 48%. Já o menos cotado foi a Nova Zelândia, atingindo apenas 26% do escore. (Veja a lista completa na tabela abaixo)

Dos pontos negativos, o estudo destaca que nenhum dos países forneceu dados sobre as suas doações e projetos que fossem acessíveis e bem organizados. Também não foram claros na explicação de qual fórmula ou razão utilizaram para estabelecer qual seria a sua fatia de contribuição no montante de 30 bilhões de dólares prometidos. Além disso, os projetos apresentados por esse grupo de países não foram georreferenciados, para indicar que locais do planeta seriam auxiliados pelo seu financiamento, e nem tiveram documentos específicos de objetivos e ações divulgados.

Nesse quadro, o IIED ressalta a necessidade de criação de um registro de fundos, supervisionado por um comitê responsável, a fim de que sejam monitorados e detalhados os financiamentos propostos para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Sem isso, fica difícil evitar a corrupção, ineficiência e redundância do uso da verba, que pode acabar em locais inadequados e/ou pouco necessitados.

Fica aí mais uma meta a ser cumprida e acordada na COP 17, em Durban, África do Sul, neste final de ano.


  • Flávia Moraes

    Jornalista, geógrafa e pesquisadora especializada em climatologia.

Leia também

Salada Verde
18 de setembro de 2025

4ª Virada Cultural Amazônia em Pé mobiliza país neste final de semana

Na contagem regressiva para COP 30 brasileira, campanha nacional pressiona pela proteção de florestas públicas não destinadas na Amazônia

Notícias
18 de setembro de 2025

146 ativistas ambientais foram assassinados em 2024, segundo a Global Witness

Com 12 mortes registradas somente no ano passado, Brasil fica atrás apenas da Colômbia, Guatemala e México no ranking de países com mais assassinatos de ambientalistas

Salada Verde
18 de setembro de 2025

Rio terá final de semana de evento com foco em água e conservação

Festival Liv Mundi ocorre neste final de semana no Rio de Janeiro, com o tema “A Dança das Águas”, e traz exibição do documentário “Mulheres na Conservação"

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.