Começa nesta quarta-feira, em Belém, Pará, mais uma rodada do Fórum Amazônia Sustentável, uma plataforma de diálogo fundada em 2007 e que reúne desde ONGs, a empresas, além de instituições de pesquisa ligadas ao processo de desenvolvimento e conservação do bioma.
O Fórum, que já esteve envolvido no debate para a melhoria ambiental das cadeias produtivas na Amazônia brasileira e tentou emplacar o tema na campanha presidencial de 2010, escolheu neste ano discutir as perspectivas de integração dos países que detêm porções da maior floresta tropical do planeta. Uma delegação da Articulação Regional da Amazônia, que reúne ONGs dos 9 países que compõe o bioma, participará da plenária do Fórum.
Por trás das articulações da arena que vai durar até a próxima sexta, dia 18, a ambientalista Adriana Ramos acredita que este é o momento da sociedade civil assumir papel nos esforços de integração amazônicos. “O Brasil tem um papel relevante nas iniciativas de integração existentes, seja no desenvolvimento da infra-estrutura, para a qual empresas brasileiras já estão atuando nos demais paises, seja no âmbito da Organizaçao do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).”
Secretária-executiva adjunta do Instituto Socioambiental (ISA), organização que assumiu a coordenação do Fórum Amazônia Sustentável, Adriana Ramos, fala mais nesta entrevista sobre as expectativas para o encontro em Belém.
Quais foram principais avanços do Fórum Amazônia Sustentável desde seu início? Tanto em termos de organização institucional, como resultados concretos das demandas levantadas?
O Fórum reúne hoje 257 membros, que são os signatários de sua carta de compromisso. É coordenado por uma Comissão Executiva que reúne representantes de todos os segmentos participantes do Fórum, e uma secretaria executiva rotativa, que hoje é exercida pelo ISA. Além disso, contamos com uma Comissão de Transparência e um Comitê de Ética, que têm como objetivo assegurar o cumprimento da carta de compromisso e que atua mediante alguma solicitação ou denúncia de algum membro. Desde sua fundação em 2007, o Fórum se firmou como espaço de diálogo intersetorial em temas relevantes para a região, como, por exemplo, a questão das mudanças climáticas, em que o Fórum liderou o processo de elaboração da Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas e o Conexões Sustentáveis, no âmbito do qual aprofundamos o diálogo entre empresas produtoras na Amazônia e empresas varejistas em São Paulo, visando compromissos de produção mais sustentável. Esse ano, concentramos nossa ação no apoio às demandas das populações extrativistas por políticas adequadas ao uso sustentável da floresta.
Esta será a primeira vez que o Fórum terá um caráter panamazônico. Quais as expectativas?
A expectativa é que possamos identificar oportunidades de atuação do Fórum no contexto panamazônico, levando em consideração que a diversidade socioambiental desconhece fronteiras e que a sustentabilidade demanda uma visão integrada da região. O modelo intersetorial do Fórum pode contribuir com essa visão. Certamente o evento permitirá identificar muitas oportunidades de cooperação que poderemos aprofundar nos anos seguintes.
Podemos interpretar o movimento panamazônico do Fórum como uma forma da sociedade civil liderar o processo de integração entre os países inseridos no bioma?
Não temos a pretensão de liderar, mas com certeza, queremos assumir nosso papel nesse processo. O Brasil tem um papel relevante nas iniciativas de integração existentes, seja no desenvolvimento da infra-estrutura, para a qual empresas brasileiras já estão atuando nos demais paises, seja no âmbito da Organizaçao do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Mas o diálogo intersetorial é incipiente, e consideramos que o Fórum pode dar a sua contribuição.
Quais são os temas centrais deste Fórum? De que forma os parceiros do Fórum definiram sua prioridades.
A cada encontro elencamos algumas prioridades que procuramos trabalhar no ano seguinte. Cadeias produtivas e territórios sustentáveis são os temas centrais no momento, e eles abarcam vários subtemas. Além disso, o Fórum busca facilitar o envolvimento de seus membros em processos conjunturais relevantes como é o caso da Rio+20, para a qual contribuimos com a realização de um debate preparatório esse ano.
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