Notícias

Deter: desmatamento tem nova alta

Em outubro, desmate da Amazônia aumentou 52% em relação a setembro.  Aumento coincide com discussão sobre Código Florestal e construção de hidrelétricas.

Daniele Bragança ·
30 de novembro de 2011 · 13 anos atrás
Foto: © Greenpeace / Daniel Beltrá
Foto: © Greenpeace / Daniel Beltrá
De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, “setembro foi o mês de menor desmate da história da Amazônia”. Em outubro, no entanto, a situação é diferente. De acordo com os números do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia perdeu 385,5 km² de florestas em outubro, 52% a mais do que foi registrado no mês anterior, quando o desmate chegou a 253,8 km². O estado de Rondônia foi o que mais desmatou (128,5 km²), seguido por Pará (119 km²) e Mato Grosso (98 km²).

Rondônia 128,58 km²
Pará 119,39 km²
Mato Grosso 98,08 km²
Amazonas 18,93 km²
Roraima 8,18 km²
Maranhão 6,53 km²
Acre 4,32 km²
Tocantins 0,89 km²
Amapá 0,65 km²
Total 385,56 km²
O atual índice de desmatamento pode ter relação com as discussões sobre o Código Florestal e a construção de hidrelétricas. Os satélites do Inpe registraram alta nas proximidades do rio Madeira, onde estão sendo construídas as hidrelétricas Santo Antônio e Jirau: 90km² de floresta foram desmatados nos arredores da base operativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Porto Velho, Rondônia. “Os 90 km² também contemplam outros municípios próximos à capital. Faz-se a medição através do alerta da base operativa do Ibama na região, mas às vezes a cidade sede teve menos desmatamento do que o entorno”, afirma a assessoria de imprensa do Inpe.

Em Sinop, no Mato Grosso, região da hidrelétrica Sinop, no rio Teles Pires, a base operativa do Ibama teve 29 km² derrubados. Por fim, a base de Altamira, no Pará, região da construção da hidrelétrica Belo Monte, o desmatamento ficou em torno de 27, 6 km². A pesquisadora Sanae Hayashi, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), afirma que há uma tendência de cidades próximas à construção de hidrelétricas estarem no ranking de campeões de desmatamento: “Altamira e Porto Velho estão na lista já há alguns meses e a tendência é continuarem”.

O aumento do desmate também pode estar relacionado aos debates acerca do Código Florestal. No dia 25 de outubro, o relatório do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) manteve a anistia a produtores que cometeram irregularidades até 22 de julho de 2008. E a possibilidade de anistia, afirmam especialistas, impulsiona o desmatamento. “No caso do Mato Grosso, por exemplo, é possível relacionar o aumento do desmate com as discussões sobre o Código”, explica Sanae.


  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Notícias
22 de julho de 2024

Paul Watson, fundador do Greenpeace e protetor de baleias, é preso na Groenlândia

Ambientalista foi detido por agentes da polícia federal da Dinamarca, em cumprimento a mandado de prisão do Japão; ele partia da Irlanda para confrontar navio baleeiro japonês

Salada Verde
22 de julho de 2024

Encontro de alto nível sobre ação climática reúne ministros e líderes de 30 nações

8ª Conferência Ministerial sobre Ação Climática (MoCA), realizada este ano na China, tem objetivo de destravar discussões que ficaram emperradas em Bonn

Notícias
22 de julho de 2024

Ministério Público investiga esquema de propina em órgão ambiental da Bahia

Servidores, ex-funcionários e outros investigados teriam recebido até R$ 16,5 milhões de fazendeiros para facilitar concessão de licenças ambientais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.