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Campo Grande (MS) – Com a primavera, período de reprodução dos animais, inicia-se também o trágico ciclo do tráfico de animais silvestres, principalmente psitacídeos, como o papagaio-verdadeiro, espécie mais traficada a partir de Mato Grosso do Sul, para abastecer o mercado ilegal do estado de São Paulo.
O processo tem início em acampamentos, assentamentos e pequenas propriedades rurais nos municípios de Batayporã, Bataguassu, Ivinhema, Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Três Lagoas, Santa Rita do Pardo, Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo, a leste do Estado.
Os sitiantes são contratados por traficantes oriundos do interior de São Paulo, que oferecem, em média, R$ 30 por animal. Muitas dessas pessoas recrutadas são crianças e jovens que capturam os animais ainda filhotes ou ainda no estágio de ovos.
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Leis que não ajudam
Em um dos casos, dois homens, de 30 e 40 anos, foram abordados pela polícia em uma rodovia vicinal com 38 filhotes de papagaios no veículo. Os traficantes não foram presos em flagrante, pelo fato de, conforme a legislação brasileira, ser um crime de menor potencial ofensivo. Porém, segundo a Polícia Militar Ambiental, eles responderão por crime e poderão ser condenados à pena de 6 meses a um ano de detenção. Cada um também foi multado em R$ R$ 9.500,00.
Em outro caso, 19 filhotes foram apreendidos em um barraco de um acampamento de sem-terra, localizado às margens da rodovia MS-141.
A situação de maior gravidade, até então, foi a de dois homens que saíram de Ivinhema (MS) e foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) com 336 filhotes de papagaios na BR-153, em Ourinhos, interior de São Paulo, a mais de 500 quilômetros da origem. As aves estavam em caixas no porta-malas e no banco traseiro do carro em que eram transportadas sem documentação de autorização. De acordo com os policiais, o destino era a cidade de São Paulo, onde cada filhote seria vendido por R$ 50 ao revendedor, e depois por R$ 300 no varejo. Os filhotes estavam desidratados e precisaram de cuidados emergenciais. Acabaram levados à Associação de Proteção aos Animais Silvestres, na cidade de Assis (SP).
Segundo o major Ednilson Queiroz, chefe de comunicação da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul (PMA), os policiais fazem trabalhos preventivos nas propriedades rurais, por meio de informação da legislação e Educação Ambiental, haja vista que o modus operandi dos traficantes é de aliciamento dos sitiantes e funcionários de propriedades rurais, para que capturem para que os comprem. “Muitas pessoas fazem isto, às vezes, sem saber que estão cometendo crime ambiental e sem saber do risco de contrair zoonoses”, explica Queiroz.
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Em 2008, foram registradas apreensões que resultaram em uma superlotação de papagaios nos recintos do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) da capital sul-mato-grossense: 570 indivíduos. Uma pequena parte não resistiu por ser muito nova e já chegar debilitada, porém a maioria se reabilitou e foi reintroduzida à natureza em propriedades e reservas particulares cadastradas pelo órgão ambiental competente.
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