Análises
Verde Para Sempre até quando? V
De André MuggiatiNos últimos meses as páginas virtuais de O Eco foram tomadas por intensa polêmica. Não é um novo debate. Trata-se da discussão do preservacionismo versus conservacionismo. Ou da proteção integral em comparação com o uso sustentável dos recursos naturais em unidades de conservação. Visivelmente, têm os colunistas de O Eco tomado partido da primeira opção.Não vamos discutir aqui nestas linhas se um modelo tem vantagens sobre o outro, embora em nossa visão ambos representem distintas estratégias de conservação, válidas para áreas com especificidades diferentes, conforme prevê o Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação). Mas na semana passada, em busca de defender suas convicções pró preservacionismo, o colunista e editor de O Eco, Marcos Sá Corrêa, forçou a mão. No artigo “Verde Para Sempre: Até Quando?” atribuiu os desmatamentos identificados pelo Imazon na Resex Verde Para Sempre ao fato de estar esta unidade de conservação enquadrada no segundo grupo. Estaria, segundo o colunista, entregue aos “próprios moradores, submetidos pela ausência das autoridades a um teste perigoso e ameaçando a lenda de que o uso tradicional preserva a natureza.” O site ainda editorializou o caso em seu boletim, Novidades em O Eco. O estudo demonstraria que as Reservas Extrativistas “protegem a mata menos do que deveriam”.Marcos Sá Correa atribuiu os desmatamentos aos moradores da Resex e ao “modelo predileto de conservação da ministra Marina Silva” sem se aprofundar nos dados do Imazon, citados por ele. Os desmatamentos ocorridos nos dois últimos anos estão na região sul da Verde Para Sempre, onde não há habitantes e o acesso é difícil para seus moradores. As estradas clandestinas de acesso a essa área, citadas na reportagem, partem da rodovia Transamazônica e de Vitória do Xingu. “A análise dos mapas demonstra que os moradores não podem ser responsabilizados”, diz Paulo Amaral, do Imazon. Na verdade, os habitantes da Resex sequer têm condições de saber o que se passa na área em questão.Clique aqui para ler esta carta na íntegra.