Fotografia

O montanhista Galen Rowell e a câmera

Galen Rowell levava sempre a câmera para o mato por um motivo simples: queria mostrar ao mundo o que acontece quando a luz e o acaso se unem à natureza bruta.

16 de junho de 2006 · 20 anos atrás

Primeiro ele se apaixonou pelas montanhas do interior da Califórnia, nos Estados Unidos, onde aprendeu a escalar com dez anos. Depois, recorreu à fotografia pra conseguir dividir com amigos o que ele tinha visto em lugares absolutamente selvagens e belos. E nesse processo, Galen Rowell, que até então vendia carros para ganhar a vida, foi arrebatado pelo poder da imagem. ” Primeiro eu fiquei perturbado, porque 99% das minhas fotos não faziam jus ao que eu tinha presenciado. Mas 1% continha sempre um elemento – um feixe de luz , uma textura, um reflexo – que parecia mais forte no filme do que na minha própria retina. Sem isso, jamais teria feito da fotografia a minha profissão”, diz em seu site oficial Mountain Light.

Luz na Montanha foi o título do primeiro livro de Galen, publicado em 1986, e que revelou a marca principal do seu trabalho: a participação clara do fotógrafo no resultado final. “É a diferença entre uma paisagem vista como um cenário de uma estrada e o retrato da Terra como um ser vivo, que nunca se repete”,descreve. Para registrar tais momentos, Galen usou e abusou da mobilidade permitida pelas câmeras de 35 mm e de filtros e tripés que levava preso ao corpo durante as escaladas. No site, há a listagem dos seus equipamentos “inseparáveis”. Mas confessa que muitas de suas melhores fotos foram tiradas de trilhas e lugares que qualquer pessoa com um bom par de pernas conseguiria chegar. E que a única coisa que um fotógrafo de natureza precisa estar atento é para o acaso. “É necessário esperar o inesperável”, diz, em um dos seus diversos artigos reproduzidos no site.

Galen fotografou para as revistas americanas National Geographic, Life e Outdoor Photographer e participou de cerca de 35 expedições a montanhas no Nepal, Índia, Paquistão, China, Tibet, África, Alaska, Canadá, Sibéria, Nova Zelândia, Noruega e Patagônia. Foi premiado por trabalhos específicos na Antártica e no Ártico e pela sua obra como um todo, vista como um feito a favor da conservação de paisagens selvagens.

Em 2003, com 62 anos, Galen participou de uma expedição com mais quatro montanhistas para o norte do Tibet. O objetivo era a proteção de um tipo de antílope raro, conhecido como chiru, e que produz a lã mais delicada do mundo. Os expedicionários queriam encontrar o local onde as fêmeas se escondiam até o nascimento dos filhotes, um dado que poderia ajudar a Wildlife Conservation Society a convencer a China a proteger a região. Uma semana depois, eles encontraram um rebanho com quase 80 chirus e ao segui-lo por dias chegaram a um vale com centenas de antílopes. A missão estava completa. Mas pouco antes de retornar aos Estados Unidos, Galen e sua esposa, a também fotógrafa Bárbara Rowell, morreram num acidente de avião. Hoje, sua obra está exposta em livros e na galeria Mountain Light, na Califórnia.

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