Natal (RN) – Conservar a biodiversidade pode ser uma oportunidade de negócios, defendeu a diretora de relações corporativas da Conservação Internacional, Helena Pavese, ao afirmar que a preservação da natureza não é incompatível com o crescimento econômico.
“O desafio é como trazer mais argumentos para a conservação da biodiversidade e mostrar que conservar é uma oportunidade de manter o crescimento econômico. A biodiversidade tem um valor econômico e social”, destacou Pavese a ((o))eco, durante o VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece nesta semana, em Natal.
Em debate no stand de ((o))eco no Centro de Convenções de Natal, Helena Pavese e o pesquisador Rodrigo Medeiros, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), debateram sobre a importância econômica da biodiversidade e das Unidades de Conservação.
Veja a 1a parte do debate:
Veja a 2a parte do debate:
Veja a 3a parte do debate:
“A base do nosso desenvolvimento e da nossa economia são os recursos naturais. Mas infelizmente, a maneira como a gente leva esse desenvolvimento não é sustentável. A gente está degradando os recursos naturais em detrimento do tão sonhado desenvolvimento”, destacou Pavese.
Pensar a biodiversidade como possibilidade de negócios, é o lema defendido tanto pela ambientalista da Conservação Internacional, como pelo pesquisador da UFRRJ.
“A conservação da biodiversidade não deve ser vista como entrave e sim como oportunidade”, defendeu Pavese.
Segundo destacou Medeiros, ainda vigora que há uma incompatibilidade entre a agenda do desenvolvimento econômico e a agenda da conservação.
“É uma visão antiga de que a criação de uma Unidade de Conservação é um impedimento para o desenvolvimento econômico. A conservação é essencial e contribui para o desenvolvimento”, salientou o pesquisador.
Todo o processo produtivo, seja na produção de alimentos ou até mesmo o mais avançado produto tecnológico, depende da base de recursos naturais, aponta Rodrigo Medeiros.
O desafio, segundo o pesquisador, é mostrar aos tomadores de decisão e ao setor produtivo que investimentos em conservação beneficiam contas nacionais e o desenvolvimento e ainda pode garantir a inclusão social e a distribuição de renda.
Pavese, por sua vez, complementa ainda que manter os recursos naturais significa manter a base da econômica e dos negócios. “A perda de recursos naturais acarreta em prejuízo e custos para os negócios. Há uma relação direta da nossa qualidade de vida, da sustentabilidade de um país ou lucros de uma empresa”, afirmou a representante da ONG.
Entre os benefícios ou os chamados serviços ambientais, as Unidades de Conservação provêm o fornecimento de água em qualidade e quantidade, além de garantir a segurança alimentar.
Segundo a Conservação Internacional, um terço da água potável no mundo está associada a existência de uma UC, grande parte da alimentação de pessoas que vivem em áreas rurais são oriundas de alguma UC próxima. Sem contar as unidades de conservação marinhas que tem um papel fundamental na manutenção dos estoques pesqueiros, salientou Pavese.
“Os serviços ecossistêmicos sempre existiram, mas agora a gente usa essa discussão para mostrar como as nossas vidas dependem da natureza”, disse a ambientalista.
Leia também
Entrando no Clima#41 – COP29: O jogo só acaba quando termina
A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar. →
Supremo garante a proteção de manguezais no país todo
Decisão do STF proíbe criação de camarão em manguezais, ecossistemas de rica biodiversidade, berçários de variadas espécies e que estocam grandes quantidades de carbono →
A Floresta vista da favela
Turismo de base comunitária nas favelas do Guararapes e Cerro-Corá, no Rio de Janeiro, mostra a relação direta dos moradores com a Floresta da Tijuca →