Análises

Literatura Sul-africana

Consta no meio literário que realidades conturbadas geram a inspiração necessária à produção de grandes livros. Se é verdade eu não sei, mas com certeza a máxima se aplica à África do Sul.

Pedro da Cunha e Menezes ·
21 de maio de 2010 · 14 anos atrás

Consta no meio literário que realidades conturbadas geram a inspiração necessária à produção de grandes livros. Se é verdade eu não sei, mas com certeza a máxima se aplica à África do Sul. Desde que a imprensa foi inventada, o país deu ao mundo uma parcela de bons escritores muito maior do que o tamanho de sua população deixaria crer.

Entre os sul-africanos que escrevem com verve e genialidade há muitos relativamente desconhecidos no Brasil como Alan Patton, Wessel Ebersohn, Lewis Nkosi, Breyten Breytenbach, André Brink e Stuart Cloete, apenas para mencionar alguns. Também há escritores de best sellers como Wilbur Smith e de romaces históricos como Errol Lincoln Uys, este último autor de uma excelente saga sobre a história de Pindorama, intitulada Brasil e publicada em português pela editora paulista Best Seller em 1986. Até mesmo Fernando Pessoa, que estudou em Durban durante a infância, costumava dizer que sua poesia (e escreveu muito em inglês) tinha uma veia sul-africana.

Há também os gigantes, como J. M. Coetzee e Nadine Gordimer, ambos laureados com o Prêmio Booker, maior comenda mundial de literatura em língua inglesa e também detentores do Prêmio Nobel de Literatura. Curiosamente, os dois foram premiados por livros que tangenciam a questão ambiental. Nadine Gordimer é autora de The Conservacionist, um livro poderoso que mescla apartheid e proteção à natureza. Já Coetzee foi galardoado por Life and Times of Michael K, ficção sobre um funcionário da Fundação Parques e Jardins da Cidade do Cabo.

Para quem gosta de de se divertir em meio ao ambiente, contudo, a literatura sul-africana vai muito além da ficção. Há nas livrarias do país estantes repletas de guias de trilhas, guias de surfe, guias para observadores de pássaros e para observadores de plantas, guias sobre os parques nacionais e livros biográficos de guardas-parques e ex-diretores de unidades de conservação, além de mais de uma dezena de revistas especializadas em natureza, que versam sobre os mais variados temas como baleias, mergulho, mountain bike, 4 x 4, safaris, flores e ornitologia. O próprio South African National Service, o ICMBio daqui, publica mensalmente a excelente revista WILD.

Com tanta literatura na mão, não há desculpas para ficar em casa. O visitante de primeira viagem, em uma breve visita às livrarias do país, descobrirá onde há trilhas de pernoite como fazer para reservá-las e qual o perfil da caminhada. Também saberá onde e quando observar baleias, mergulhar com tubarões brancos ou assistir ao espetáculo das flores da Namaqualândia desabrochando. Assim planejar fica muito fácil.

Enfim, se a Copa do Mundo fosse em literatura para turismo de natureza, a África do Sul era pule de 10.

A seguir vai um lista sumária de alguns livros de natureza que podem ser encontrados em uma visitinha rápida à uma livraria na Long Street, em Cape Town:

Bristow, David. Best Walks of the Drakensberg. 3ª ed. Cape Town: Struik, 2003.

Cape Península National Park. The Construction and Maintenance of Footpaths in the Cape Península. Cidade do Cabo, 1998.
________________________. Integrated Environmental Management System, An Initial Environmental Review. Common Ground Consulting; Cidade do Cabo, 1999.

Bryden, Bruce. A Game Ranger Remembers. 4ª ed. Cape Town: Johnanthan Ball Publishers, 2008.
Department of Environmental Affairs and Tourism. People, Parks and Transformation in South Africa: A Century of Conservation, a Decade of Democracy. Pretoria: Department of Environmental Affairs and Tourism, 2003.
Du Toit. Richard. Essential Wildlife Photography. Cidade do Cabo: Struik, 2002.
Engelbrecht, Henriëtte (ed). Klagadi Transfrontier Park. 3ª ed. Pretoria: South African National Parks, 2004.
Hill, Sandra. Networking People and Nature in The City, Inspiration, Issues and Challenges. Cidade do Cabo: Cape Flats Nature, 2005.
Hockings, Marc; Solton, Sue; Leverington, Fiona; Dudley, Nigel; Courrau, José e Valentine, Peter. Evaluating Effectiveness, A Framework for Assessing Management Effectiveness of Proteceted Areas. 2ª ed. Gland: UICN, 2006.
Holing, Ray. South African National Parks: South. Pretoria: South African National Parks, s/d.
__________. South African National Parks: North. Pretoria: South African National Parks, s/d.
Ildos, Angela S. e Bardelli, Giorgio. The Great National Parks. Vercelli (itália): Whitestar Publishers, 2001.
Inglis, Robert (ed). MDTP News. Volume 1,
2. Howick: Maloti Drakensberg Transfrontier Project, 2005.
Levy, Jaynee. Complete Guide to Walks & Trails in Southern Africa. 3ª ed. Cidade do Cabo: Struik, 1993
Lourens, Tony. Table Mountain Classics. A Guide to the Classic Walks, Scrambles and Easy Rock Climbs on Table Mountain. Cidade do Cabo: Blue Mountain Adventures, 1998.
Lundy, Mike. Best Walks in the Cape Peninsula. 7ª ed Cidade do Cabo: Struik, 2006.
Marais, Jacques e Mills, Susanna. Mountain Biking Trails of South Africa. Cape Town: Struik House, 2005.
McGowan, Kim. Explore Cape Nature Reserves. 2ª ed. Cidade do Cabo: Cape Nature Conservation, s/d.
McIntosh, Christopher. Top 12 Hiking Trails of the Western Cape. Cape Town: New Holland, 2009.
Pierce, S. M.; Cowling, R.M.; Sandwith, T. e Mackinom, K. Mainstreaming Biodiversitry in Development: Case Studies from South Africa. Washington: The World Bank Environment Department, 2002.
Tredger, Nick. From Rhodesia to Mugabe´s Zimbabwe, Chronicles of a Game Ranger. Alberton (África do Sul): Galago 2009.
Yeld, John e Barker, Martine. Mountains in the Sea: Table Mountain to Cape Point: A Interpretive Guide to the Table Mountain National Park. Constantia: South African National Parks, 2004.

Para quem gosta de boa leitura também deixo aqui uma pequena lista com sugestões de alguns romances escritos por autores sul-africanos (inclusive alguns publicados no Brasil):

Breytenbach, Breyten. Confissões Verídicas de um Terrorista Albino. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.
Brink, André. Uma Estação Branca e Seca. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986.
_________.The Rights of Desire. 2ª ed. Londres: Vintage, 2001.
Cloete, Stuart. Rags of Glory. 6ª ed. Londres: Collins, 1974.
___________. The Hill of the Doves. 3ª ed. Londres; Collins, 1973.
Ebersohn, Wessel. Divide the Night. Feltham (Inglaterra): Hamlyn Paperbacks, 1983.
Nkosi, Lewis. No Calor do Corpo. Rio de Janeiro: Globo, 1987.
Paton, Alan. Cry, the Beloved Country. 33ª ed. Harmondsworth (Inglaterra): Penguin, 1984.
__________. Ah, But Your Land is Beautiful. 5ª ed. Londres: Penguin, 1981.
Gordimer, Nadine. A Filha de Burger. Rio de Janeiro: Rocco,1985.
______________. De Volta à Vida. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2007.

E para uma leitura mais no estilo Best Seller:

Smith, Wilbur. The Dark of The Sun. Londres: Pan Books, 1968
___________. Shout at The Devil. Londres: Pan Books, 1970.
___________. Gold Mine. Londres: Pan Books, 1972.
___________. The Diamond Hunters. Londres: Pan Books, 1973.
___________. Eagle in The Sky. Londres: Pan Books, 1975.
___________. The Eye of The Tiger. Londres: Pan Books, 1976.
___________. A Sparrow Falls. Londres: Pan Books, 1978.
___________. Men of Men. Londres: Pan Books, 1982.
___________. The Angels Weep. Londres: Pan Books, 1983.
___________.The Leopard Hunts in Darkness. Nova Iorque: Ballantine Books, 1986.

Leia também

Reportagens
3 de maio de 2024

Obra para desafogar trânsito em Belém na COP30 vai rasgar parque municipal

Com 44 hectares, o Parque Ecológico Gunnar Vingren será cortado ao meio para obras de mobilidade. Poderes estadual e municipal não entram em acordo sobre projeto

Salada Verde
3 de maio de 2024

Governo do RJ recebe documento com recomendações para enfrentamento ao lixo no mar

Redigido pela Rede Oceano Limpo, o documento foi entregue durante cerimônia no RJ. O plano contém diretrizes para prevenir, monitorar e conter o despejo de lixo nos oceanos.

Colunas
3 de maio de 2024

Resiliência indígena – um exemplo a ser seguido

Indígenas são incansáveis em defender seus territórios, sua cultura e manter suas tradições, mas luta deve ser de todos

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.