Esse é Fio, um bebê orangotango-de-bornéu Pongo pygmaeus que conheci, junto com sua mãe, Feb, no Parque Nacional Sabangau, em Central Kalimantan (Indonésia). Fio é um dos cerca de 50 mil remanescentes selvagens de sua espécie, que declinou pelo menos 50% nos últimos 50 anos. Orangotangos ocorriam na Ásia continental, Sumatra e Bornéu, mas humanos (já na pré-história) os caçaram até a extinção no continente e nas ilhas até que restassem populações apenas em habitats de difícil acesso.
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A linhagem evolutiva que deu origem aos orangotangos atuais se separou da nossa entre 15,7 a 19,3 milhões de anos atrás. Mas nossos primos compartilham conosco uma inteligência elevada e autoconsciência, certamente em nível comparável a crianças humanas. Isso deveria ser suficiente para os considerarmos seres sentientes, e não comida, e terem o equivalente aos “direitos humanos” dados a gente menos merecedora.
Sabangau abriga uma das maiores populações de orangotangos. É uma fantástica área de floresta sobre turfa, um habitat muito particular cuja destruição para implantar plantações de palma tornou a Indonésia um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. Paradoxalmente, alguns desses projetos receberam créditos de carbono através do mal concebido Clean Development Mechanism.
O Orangutan Tropical Peatland Project (Projeto do Orangotango das Turfas Tropicais) realiza pesquisas e trabalha em prol da conservação de Sabangau e seus habitantes, e aceita voluntários. Vale a pena visitar.
Autor deste blog, Fabio Olmos é biólogo e doutor em zoologia. Tem um pendor pela ornitologia e gosto pela relação entre ecologia, economia e antropologia. Seu último livro, sobre ecossistemas brasileiros e conservação, é Espécies e Ecossistemas. |
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