Rio de Janeiro – Depois de uma tentativa mal sucedida durante três anos, foi relançado com força total, nessa sexta-feira (28/10), o programa de aluguel de bicicletas na cidade. Foram inauguradas 11 estações no bairro de Copacabana. Até 13 de dezembro, a Serttel, concessionária do serviço, promete colocar em funcionamento outras 49 estações, totalizando 60, todas na Zona Sul da cidade.
O evento, realizado no hotel Othon Palace, situado na orla de Copacabana, contou com a presença do prefeito Eduardo Paes, o apresentador Luciano Huck e a triatleta Fernanda Keller. Um dos primeiros a falar foi Huck: “Ano passado, viajando com Angélica e as crianças pelas principais capitais europeias, vi que a bicicleta, essa forma de transporte limpa e saudável, estava presente em todas as cidades que têm um pouco de civilidade no seu dia-a-dia. Cheguei de viagem e liguei para o prefeito (Eduardo Paes): – prefeito, a gente tem que fazer isso no Rio de Janeiro. Se você conseguir um bom parceiro, a Prefeitura vai realizar, porque é importante para a cidade”. Esse parceiro acabou sendo o banco Itaú, também um dos patrocinadores do programa de Huck. As cores e logotipo do banco cobrem as bicicletas que serão oferecidas ao público.
O Pedala Rio, nome antigo do sistema, não deslanchou. O número de estações e bicicletas era pequeno. Nunca passaram de meia dúzia e as bicicletas eram motivo de queixas dos usuários. “As pessoas reclamavam do peso, dos pneus ruins e de pedais frouxos” conta Liviane Vasconcelos, 24, há três anos supervisora de atendimento da Serttel. “As novas bicicletas pesam 15 quilos, enquanto as antigas tinham 19 quilos. Aprendemos administrando o antigo sistema e ouvindo os clientes”.
Angelo Leite, presidente da empresa, conta as novidades incorporadas ao sistema neste relançamento. A primeira é o modelo de bicicleta com quadro de alumínio, desenhada com preocupação na qualidade do seu uso. Outra é o reforço e melhoria do sistema de travamento. O anterior não impedia roubos nem funcionava direito. Ele diz que com a multiplicação das estações o sistema terá densidade para se tornar um meio de transporte popular. Por fim, destaca a melhora tecnológica. As estações onde ficam as bicicletas são abastecidas por energia solar e interligadas sem fio pela rede 3G, semelhante a dos celulares. Elas identificam qual bicicleta foi retirada (cada uma tem um identificador eletrônico) e sabem também quem é o usuário e onde foi deixada ao fim da jornada. Uma das vantagens dessas informações é facilitar que não faltem ou sobrem bicicletas nas estações.
Para evitar deterioração e vandalismo dos equipamentos houve preocupação em dispensar qualquer tipo de interface física. Não há teclados ou painéis. As bicicletas de cada estação são destravadas através do celular do usuário, do modelo mais simples aos smartphones (existem aplicativos para iPhone e Android). O usuário precisa se cadastrar na internet e pagar R$10 por um mês de uso e, assim, poderá usar quantas vezes quiser as bicicletas por um período contínuo de até 60 minutos. A ideia é que essas bicicletas sirvam para trajetos curtos ou intermodais como, por exemplo, ir de uma estação Bike Rio próxima de casa para outra próxima estação ao lado do metrô ou perto do trabalho. Quem não quiser pagar por mês, paga R$5 por dia, nas mesmas condições.
O sistema carioca é uma variação de outros como o de Paris, chamado Velib, Lyon, Velov, e Londres, onde ficou conhecido como Barclays, nome do patrocinador de lá, que também é um grande e tradicional banco. Por conta disso, os londrinos debateram se o Barclays estava pagando o suficiente para ter o seu nome multiplicado e circulando por toda a cidade. A resposta do prefeito foi que não importava, a cidade ganhava com isso, economizando até nos custos do sistema de saúde ao melhorar a qualidade do ar e estimular a população a não ser sedentária. Aqui, Angelo Leite diz que o patrocínio permitiu que o preço mensal do aluguel caísse de R$20 para R$10. Ele revela que a Serttel investiu R$2,5 milhões no Bike Rio, mas não diz qual é o valor do patrocínio do Itaú.
No Brasil, o Itaú não é o único grupo empresarial a apostar em sistemas de mobilidade baseados em bicicletas. Em São Paulo, a Porto Seguro esteve por trás da criação de um sistema semelhante de aluguel e empréstimo, o Use Bike/Nossa Bike. E o Bradesco, por meio da Bradesco Seguros, investiu na consolidação das Ciclofaixas de Lazer, que, apesar de por enquanto funcionarem somente aos domingos e feriados, podem servir de base para um futuro sistema de rotas. Na cidade, a pressão da sociedade civil por mudanças no sistema cicloviária tem sido intensa.
A parceria do Itaú é com a própria Serttel. Segundo Carlos Roberto Osório, secretário municipal de conservação, que estava presente no evento, a Prefeitura não tem qualquer ligação ou receita derivada desse acordo. A parte do governo, disse, é aumentar a quantidade e extensão de ciclovias e ciclofaixas. Tanto os representantes do governo quanto a Serttel disseram que o sistema não se restringirá a Zona Sul, área mais nobre da cidade. Outras regiões serão cobertas tão logo se consolide essa primeira etapa.
A reportagem de ((o))eco testou as novas bicicletas. Elas corresponderam à propaganda: são leves, fáceis e prazerosas de usar.
*participou da reportagem Daniel Santini
Assista a uma entrevista com Angelo Leite
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