O Herbário Virtual da Flora e dos Fungos integra dados de 87 herbários e totaliza mais de 4 milhões de registros disponíveis de forma livre e aberta a todos os interessados. Destes, 3,4 milhões de registros advém de herbários nacionais que se somam a mais de 600 mil repatriados de herbários do exterior. O sistema de informação online utilizado é a rede speciesLink, desenvolvida e mantida pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA). Embora existam dados de plantas e fungos na rede desde 2003, o volume de dados e o número de herbários vêm crescendo desde o início das atividades do Herbário Virtual em 2008, com mais de 500 mil novos registros integrados por ano. O sistema oferece ainda mais de 235 mil imagens de exsicatas e as pranchas e textos descritivos da obra Flora brasiliensis.
O Herbário Virtual tem duas linhas norteadoras de pesquisa: (1) Diversidade e taxonomia de plantas e fungos, na qual se busca ampliar o conhecimento sobre a sistemática das espécies e sobre os ambientes onde ocorrem ou ocorreram no passado recente; (2) disponibilização e uso de dados de espécimes depositados em coleções de herbário. Esta última possibilita o desenvolvimento de ferramentas para integração e análises de dados, e de modelos a serem testados. Essas capacidades contribuem para a formulação de políticas públicas sobre diversidade vegetal e micológica.
Rede de herbários
O Herbário Virtual da Flora e dos Fungos é um instituto sem paredes, cuja força está na formação de uma rede de herbários no Brasil e na integração de equipes de informação e informática para a biodiversidade. Os bons resultados se devem ao trabalho de taxonomistas, ao empenho de cada curador, técnico e bolsista dos herbários, à equipe de desenvolvedores e técnicos de apoio em informática e à coordenação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT).
Na outra ponta, o trabalho de cada herbário participante é essencial para a disponibilização de dados de qualidade. Cada um trabalha na digitação e atualização de seus dados online. Mais de 95% dos herbários nacionais vinculados ao INCT atualizaram seus dados nos últimos 12 meses, o que demonstra o dinamismo do trabalho em rede. Segundo estatísticas recentes sobre o uso do Herbário Virtual, uma média de 20 milhões de registros são visualizados por mês. Através de suas ferramentas são produzidos cerca de 30 mil mapas, 20 mil listas de espécimes e 10 mil gráficos. Além disso, são realizadas em média 5 mil buscas, produzidas e visualizadas mais de 12 mil fichas de espécimes e efetuados cerca de 20 mil downloads dos dados. Ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de comentar os registros que, junto com a disponibilização de imagens das exsicatas, permite desenvolver uma e-taxonomia: a determinação das amostras via rede.
Além de dados, a rede também integra especialistas. O Herbário Virtual já promoveu a visita de 69 especialistas, que atenderam a 122 coleções e examinaram mais de 42 mil espécimes.
A principal inovação do Herbário Virtual para biodiversidade é este trabalho em rede, que promoveu grande adesão dos herbários brasileiros e a parceria com herbários do exterior. Acoplado a uma gestão multi institucional via comitê e coordenadores de área, esse modelo resultou em um grande banco de dados online livre e aberto, que integra textos, imagens e ferramentas para a modelagem de nicho ecológico das espécies. O êxito inicial do Herbário Virtual da Flora e dos Fungos mostra que ele cumpre o papel de gerar conhecimento sobre a diversidade das plantas e fungos do Brasil e de transferi-lo para a sociedade.
*O Herbário Virtual é coordenado e gerenciado por Leonor Costa Maia, Ana Odete Santos Vieira, Mariângela Menezes, João Renato Stehmann, Ariane Luna Peixoto, Maria Regina Barbosa e Dora Ann Lange Canhos. Ricardo Braga-Neto contribuiu na divulgação com a colaboração de todos os autores.
Saiba mais
INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos
Balanço marca encerramento do seminário sobre INCTs
Leia também
Museu Goeldi lança portal sobre botânica da Amazônia Oriental
O desafio de preservar e recuperar a Caatinga
Duas espécies de plantas são descobertas em Parque no Paraná
Leia também
Novas espécies de sapos dão pistas sobre a história geológica da Amazônia
Exames de DNA feitos em duas espécies novas de sapos apontam para um ancestral comum, que viveu nas montanhas do norte do estado do Amazonas há 55 milhões de anos, revelando que a serra daquela região sofreu alterações significativas →
Documentário aborda as diversas facetas do fogo no Pantanal
“Fogo Pantanal Fogo” retrata o impacto devastador dos incêndios de 2024 sobre o cotidiano de ribeirinhos e pantaneiros e as consequências das queimadas para a biodiversidade →
R$ 100 milhões serão destinados à recuperação de vegetação nativa na Amazônia
Com dois primeiros editais lançados, programa Restaura Amazônia conta com recursos do Fundo Amazônia e da Petrobras →