Análises

Por que incorporar a conservação da natureza na formação de novos profissionais é tão imprescindível?

É notória a tendência de que profissionais das mais diferentes áreas de conhecimento precisem ter uma formação básica no assunto que nos afetam, praticamente, em todas as áreas de atuação

Clóvis Borges ·
7 de outubro de 2022 · 1 anos atrás

Estabelecer um melhor entendimento sobre a influência das áreas naturais conservadas em nossas vidas representa uma necessidade cada vez mais necessária entre todos os atores de nossa sociedade. Estar em contato com a natureza, que até pouco tempo foi considerado um atrativo para um grupo limitado de pessoas, passa a representar uma demanda na formação de profissionais e para um melhor posicionamento de corporações nos mais diversos campos de atividades. 

Estamos percebendo, de forma progressiva, a importância de identificar o papel da natureza na provisão de uma infinidade de serviços que nos garantem padrões adequados de qualidade de vida, bem-estar e resiliência no que se refere aos negócios. Sem uma adequada percepção do papel das áreas naturais conservadas em nossas atividades, fica aberta uma lacuna bastante relevante que se presta a orientar melhor nossas tomadas de decisão.

As mudanças climáticas e a perda da biodiversidade são dois temas globais que não podem mais passar despercebidos. Esses fenômenos estão unidos numa interação bastante forte, em que o incremento de um colabora com a intensificação do outro. Estar bem informado e estabelecer agendas positivas que convirjam para o combate a esses efeitos negativos ocasionados pela degradação do meio ambiente já são práticas demandadas no contexto dos negócios, nas formações profissionais e na nossa participação como cidadãos na sociedade. 

Embora sejam ainda muito raros esforços mais ordenados na academia para compartilhar conceitos e práticas voltadas ao tema da proteção do patrimônio natural, é notória a tendência de que profissionais das mais diferentes áreas de conhecimento precisem ter uma formação básica nesses temas de grande amplitude e que nos afetam, praticamente, em todas as áreas de atuação. 

A busca por atividades de formação fundamental no que se refere à agenda de proteção da natureza e a qualificação dos ganhos econômicos e sociais que representam as áreas naturais bem conservadas, passa a gerar novos campos de atuação no tocante à utilização de áreas naturais como os Parques e Reservas Naturais.

Uma recente iniciativa capitaneada pelo Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) vem promovendo vivências sobre o tema da conservação da biodiversidade e das mudanças climáticas para estudantes em final de curso e também a profissionais já em plena atividade. O trabalho vem sendo executado nas Reservas Naturais da SPVS, localizadas em Antonina (PR) e tem por propósito incorporar conceitos e valores para esse público de forma adicional ao que receberam na sua formação convencional, nos mais diferentes cursos.

Oportuna e despertando grande interesse, a atividade vem apresentando resultados excepcionais. De forma pioneira, segue com a perspectiva de continuidade com o estabelecimento de novas parcerias, em especial, com corporações interessadas em associar-se a essa agenda de formação profissional aderente com a conservação da natureza e seus inúmeros benefícios. Instâncias como o SINDIVET demonstram a importância de iniciativas de grande efeito demonstrativo e que cumprem o papel de incentivar a sociedade na incorporação de novas práticas. 

É imprescindível que uma agenda concreta e em escala suficiente permita a promoção de ações voltadas à conservação de nossas áreas naturais remanescentes, sem as quais estaremos comprometendo de forma crescente o nosso futuro. Sem atores adequadamente orientados sobre esse tema, em diferentes áreas de conhecimento, esse objetivo não poderá ser alcançado.

As opiniões e informações publicadas nas sessões de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.

  • Clóvis Borges

    Diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)

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