Análises
26 de outubro de 2004

RPPNs

De Beto MesquitaInstituto BioAtlânticaPrezado Marcos,Foi um prazer ouvi-lo durante o jantar que reuniu trainees e tutores em meio ambiente, técnicos da Fundação O Boticário e alguns líderes Avina, como você, na semana passada, em Curitiba. Sentado na mesa dos "tutores" e entretido com a rica troca de experiências interpessoais e interinstitucionais que marcou este quase um ano de programa, acabei não tomando a iniciativa de apresentar-me, embora este não tenha sido nosso primeiro contato.O primeiro creio que foi em 1996 ou 97, quando eu vivia em Olivença, próximo a Ilhéus, e trabalhava para o Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia (IESB), e você labutava na redação da Veja. Havia acabado de ler o A Ferro e Fogo e foi um prazer colaborar - em duas conversas ao telefone - com um jornalista que havia se inspirado neste livro para elaborar uma reportagem sobre a destruição da Mata Atlântica daquele pedaço especial do planeta, de onde saí no ano passado em busca de outros desafios, mas pelo qual continuo dedicando boa parte de minha "carga horária" de trabalho.Bom, mas não te escrevo na intenção de lembrar de algo que se passou há tantos anos. O assunto é outro, e bem mais atual! Li sua coluna n' O Eco sobre o IV CBUC, focada no grande número de estudantes presentes neste evento, e achei que deveria lhe contar sobre um outro grupo muito especial, que também se fez presente neste congresso. Falo das proprietárias e proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural - ou "simplesmente" RPPN - que, embora não fossem numerosos neste evento, foram contados em mais de uma centena durante o II Congresso Brasileiro de RPPN, realizado às vésperas do CBUC (14 a 16 de outubro), na mesma cidade de Curitiba.Infelizmente não sou um deles, posto que o único terreno que possuo além de minúsculo há muito está coberto por uma gramínea exótica, adornado com apenas dois coqueiros, e portanto não se prestaria para uma unidade de conservação, como o são as RPPN. Mas tenho convivido diariamente com estes cidadãos que dedicam, de maneira voluntária e quase sem nenhum apoio ou benefício, parte do seu patrimônio para a proteção da biodiversidade brasileira. Convivo com eles desde 1996, quando achei que já havia cumprido meu papel colhendo dados e informações sobre as madeireiras que ainda atuavam no sul da Bahia, para denunciá-las (hoje, finalmente, estão praticamente todas fechadas), e buscava então algo de inovador e motivador para promover a conservação dos recursos naturais. Já conhecia o que motivava o homem a desmatar, e os mecanismos e artimanhas para isso. Precisava então encontrar a motivação para a proteção. Foi então que comecei e tomar contato com as RPPN. Você sabia que existem hoje 664 RPPN, espalhadas por todos os biomas e estados brasileiros, protegendo juntas mais de 525 mil hectares?!? "Isso é muito pouco, não faz nenhuma diferença para a conservação, são áreas muito pequenas", já ouvi de alguns especialistas no assunto, alguns até amigos nossos... É, pode ser pouco mesmo, mas continuo achando que estes espaços, e as pessoas que estão por trás deles, e as histórias que estão por trás destas pessoas, constituem maravilhosos exemplos de cidadania e responsabilidade ambiental, que merecem, no mínimo, serem contados e mostrados como exemplos a serem seguidos. Na cerimônia de encerramento do IV CBUC a diretora de ecossistemas do IBAMA disse que sentiu falta, durante o congresso, dos relatos e das experiências dos "parqueiros" brasileiros, dos profissionais que ficam lá na ponta, enfrentando os problemas e os desafios da proteção do patrimônio natural brasileiro. Felizmente, e como membro da comissão organizadora digo com muito orgulho, isso foi o que não faltou no II Congresso Brasileiro de RPPN, uma vez que o ponto alto, as sessões mais concorridas nos três dias de congresso, foram as apresentações sobre 30 RPPN, feitas por seus próprios donos. Alguns deles nos brindaram com verdadeiras lições de persistência, de cidadania, de senso de missão, de pragmatismo e de sabedoria na busca, muitas vezes solitária, de soluções para seus problemas e suas dificuldades na luta do dia-a-dia protegendo a natureza. São pessoas de todas as idades, de todas as formações, de várias classes sociais. São também empresas, organizações ambientalistas, igrejas... Todos voluntária e solidariamente empenhados na proteção do patrimônio natural.Fica então a sugestão, de uma matéria/reportagem sobre as RPPN e as pessoas que as criaram, administram e protegem. Há doze associações estaduais/regionais de proprietários de RPPN e uma Confederação Nacional, que integra as doze associações. O II Congresso Brasileiro de RPPN foi um marco para o movimento, que tem se organizado e alavancado importantes parcerias e resultados. Se houver interesse, posso repassar algo de literatura e dados sobre o tema, pois tenho bastante coisa (acabaram de ser lançadas 4 publicações sobre o assunto), bem como contatos de proprietários e dirigentes de associações.Acho que o tema vale a pena! Ah, e antes que me esqueça, parabéns pel' O Eco!!Um abraço,

Por Lorenzo Aldé
26 de outubro de 2004
Notícias
25 de outubro de 2004

Ranking de altura

Os que se sentiram frustrados com a queda do Pico da Bandeira no ranking de altitude nacional, têm agora uma esperança. Desde o dia 19, uma equipe do IBGE e do Instituto Militar de Engenharia (IME) está na Serra do Caparaó, entre Minas e Espírito Santo, para refazer a medição dos picos da Bandeira e do Cristal e, pela primeira vez, medir os picos do Calçado e Calçado Mirim. É a segunda etapa do projeto "Pontos Culminantes do Brasil". Na primeira etapa, o projeto descobriu que o pico Pedra da Mina é mais alto que o das Agulhas Negras. E que o Pico da Neblina, o mais alto do país, tem 20 metros a menos do que diziam as últimas medições, feitas na década de 60. Pode haver novas surpresas, pois os dois picos que nunca foram medidos aparentemente estão na faixa dos 2.800 metros de altitude. O ranking pode sofrer novas alterações.

Por Lorenzo Aldé
25 de outubro de 2004
Notícias
22 de outubro de 2004

Cada macaco no seu galho

O Ministério do Meio Ambiente realizou um seminário no Rio de Janeiro para debater as divisões de competências e responsabilidades entre a União, os estados e os municípios quando assunto é meio ambiente. A ministra Marina Silva marcou presença e assinou uma portaria instituindo comissões chamadas de Tripartites Nacionais em 8 estados para decidir exatamente quem faz o quê. Ao todo já existem 14 comissões, mas nenhuma começou a funcionar.

Por Lorenzo Aldé
22 de outubro de 2004
Reportagens
22 de outubro de 2004

Barra Grande interditada

Moradores estão acampados nos acessos à floresta para impedir a derrubada de 4 mil hectares de Mata Atlântica por empresa que obteve licença fraudulenta.

Por Lorenzo Aldé
22 de outubro de 2004
Análises
22 de outubro de 2004

Beija-flores

De Rose Aielo Blanco Editora do Jardim de FloresCaro colega Marcos,Meu nome é Rose Aielo Blanco, sou jornalista, como você, e editora do site www.jardimdeflores.com.br. Li o seu texto "No meio do caminho tinha uma parede" e fiquei simplesmente encantada com ele. Os internautas que visitam o Jardim de Flores são amantes da natureza, das plantas e dos pássaros. E têm uma predileção especial pelos beija-flores (sei disso pelos e-mails que recebo). Gostaria de lhe pedir algo especial: a autorização para reproduzir este texto no site Jardim de Flores. Nossos leitores, com certeza, ficarão surpresos com muitas informações que você passa nesta matéria e, certamente, passarão a pensar duas vezes antes de tranformar suas paredes em armadilhas.Vale lembrar que reproduziremos o texto citando a autoria e a fonte. Parabéns pela sensibilidade transmitida em seu texto.E abraços da colega,

Por Lorenzo Aldé
22 de outubro de 2004
Análises
22 de outubro de 2004

Pantanal

De Bruno Meireles LeiteOlá Marcos, li sua coluna sobre o pantanal outro dia e gostei muito. Sou estudante de medicina veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais e gosto muito de animais selvagens, especialmente a nossa onça-pintada, e por isso queria saber se você pode me dar algumas informações sobre como entrar em contato com as pessoas que você conheceu lá no pantanal que estão ligadas à preservação da fauna e flora. Muito obrigado.

Por Lorenzo Aldé
22 de outubro de 2004
Notícias
20 de outubro de 2004

Águas do Mercosul

O Aqüífero Guarani, um dos maiores mananciais de água subterrânea do planeta, vai se tornar objeto de políticas públicas internacionais. No dia 15 de outubro, foi divulgada a “Carta de Foz do Iguaçu”, resultado de um seminário organizado pela Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Nela, representantes dos governos brasileiro, argentino, paraguaio e uruguaio, movimentos populares

Por Lorenzo Aldé
20 de outubro de 2004
Notícias
20 de outubro de 2004

Todos pelo rio Xingu

De 25 a 27 de outubro, o Mato Grosso terá a oportunidade de começar a mudar o curso da história do rio Xingu. Nesses dias acontece, na cidade de Canarana, o Encontro de Nascentes do Xingu, que vai reunir índios, agricultores, movimentos sociais, prefeituras, governo, moradores, comerciantes e sem-terras. Pretende-se lançar uma grande campanha para reverter o processo de degradação ambiental na área do Parque Indígena do Xingu e seu entorno, onde as queimadas e o desmatamento estão secando as nascentes do rio, destruindo as matas ciliares e provocando assoreamento. Além dos 10 mil índios da região, 450 mil moradores de 31 municípios dependem das águas do rio Xingu. Serão discutidas as ações que cada segmento pode adotar na campanha, entre elas o reflorestamento e preservação das matas, educação ambiental e melhoria do saneamento básico. Vinte e oito instituições participam da iniciativa.

Por Lorenzo Aldé
20 de outubro de 2004
Reportagens
20 de outubro de 2004

Pra gelar sem culpa

A primeira geladeira ecológica chega ao consumidor brasileiro com 12 anos de atraso em relação à Europa. Ela até era produzida aqui, mas só para exportação.

Por Lorenzo Aldé
20 de outubro de 2004
Análises
18 de outubro de 2004

Resposta do autor

De André AlvesPrezado Ciro,Antes de tudo, gostaria de dizer que, assim como você, também sou da região Amazônica. Moro em Cuiabá (MT) há 25 anos. É mais fácil comprar um trator, mas considero perigoso à sociedade não atender às exigências da DRT. O termo "erradicação do trabalho escravo" é uma proposta do Ministério do Trabalho, dos Ministérios Públicos do Trabalho e das DRTs, além de ser foco de diversas entidades que lidam com os direitos humanos.Também tem definição jurídica, não sendo, creio eu, pelo menos neste caso, um problema do jornalismo.Concordo com você que é preciso "regular adequadamente o trabalho rural", e este ponto de vista está contemplado na fala do secretário de desenvolvimento rural de Mato Grosso. Mas não é uma solução fechar os olhos à questão do trabalho compulsório ou degradante, se você preferir estes termos. As DRTs estão fazendo um corajoso trabalho frente às condições subumanas que em muitos casos os trabalhadores são submetidos.Também quero deixar bem claro (se é que não está suficientemente claro na matéria) que ninguém aqui está contra o trabalho braçal, muito pelo contrário. Está apontando um problema que precisa ser resolvido, assim como outros em Mato Grosso (queimadas e desmatamento).E sim, gostaria do contato do DR. Gervásio Castro de Rezende, e gostaria, sim, de ouvir sua opinião sobre o assunto. Minha mente está sempre ABERTA para OUVIR respostas divergentes das minhas e dos meus entrevistados, desde que tenham fundamentações.E por fim, em relação às vendas de roçadeiras e pulverizadores de herbicidas, eu espero que essas práticas sejam abandonadas, sendo valorizadas a agricultura familiar com enfase em sistemas agroflorestais e produção orgânica. Pelo bem da nossa Amazônia.

Por Lorenzo Aldé
18 de outubro de 2004