Reportagens

Cientistas encontram gelo de período interglacial

Pesquisas avançadas sobre gelo do período Eemiano ajudarão a prever consequências das mudanças climáticas atuais

Redação ((o))eco ·
28 de julho de 2010 · 14 anos atrás
Professora Dorthe Dahl-Jensen da Universidade de Copenhagen responsável pela liderança do projeto de pesquisa
Professora Dorthe Dahl-Jensen da Universidade de Copenhagen responsável pela liderança do projeto de pesquisa

No dia 27 de julho de 2010 pesquisadores conseguiram perfurar a camada de gelo da Groenlândia e atingir seu escudo rochoso, a 2537.36 metros de profundidade. Depois de cinco anos de trabalho, cientistas de 14 nações que participaram do NEEM (The North Greenland Eemian Ice Drilling), encontraram material do período interglacial Eemiano juntamente com outros ainda mais antigos que estavam abaixo da superfície terrestre por milhares de anos.

O período Eemiano ocorreu entre 130.000 e 115.000 anos atrás, sendo o último período interglacial, no qual o clima era mais quente do que o de hoje e o nível do mar 5 metros mais alto. Portanto, os cientistas buscam analisar o material para correlacioná-lo com as mudanças climáticas previstas para o período atual.

Os pesquisadores querem descobrir quão reduzida era a camada de gelo da Groenlândia a 120 mil anos atrás quando a temperatura era de 2 a 3 graus mais alta que a atual, avaliando quanto e em qual velocidade ela contribuiu para o aumento do nivel do mar. As abruptas mudanças climáticas serão estudadas detalhadamente por meio de diferentes medições que incluem dos isótopos estáveis da água, que fornecem informações sobre mudanças de temperatura; mistura de gases presentes na época, gases estufas presos no gelo e no material biológico, o que  aumenta o conhecimento sobre a variabilidade natural dos ciclos do carbono. Além disso,  várias medidas químicas vão buscar compreender as variações anuais do clima. A profundidade e acuidade das medições estão entre as mais avançadas para esse campo de pesquisa, sobretudo em uma das regiões mais inacessíveis do lençol de gelo da Groenlândia.
 
“Nós esperamos que o gelo esteja rico em DNA e pólen que poderão nos contar sobre as plantas que existiram na Groenlândia antes dessa paisagem ficar coberta por gelo, algo antigo, de até 3 milhões de anos atrás”, diz a Professora Dorthe Dahl-Jensen da Universidade de Copenhagen responsável pela liderança do projeto de pesquisa.
 
O NEEM é um núcleo internacional de pesquisa cujo maior objetivo é recuperar placas de gelo do período Eemiano no Noroeste da Groenlâdia para aprender mais sobre o período quente que, em muitos aspectos pode ser visto como análogo ao aquecimento global esperado para o futuro.

Mais informações: www.neem.ku.dk

Leia também

Reportagens
17 de dezembro de 2024

Governo lança plano de rastreio individual na pecuária, com foco apenas sanitário

Identificação individual será obrigatória para todo rebanho de bovinos e bubalinos a partir de 2032. Pressão de mercados importadores impulsionou iniciativa

Análises
17 de dezembro de 2024

A curiosa história da doninha africana que, na verdade, é brasileira

Muito além da confusão pelo seu nome, a doninha-amazônica é notória por ser o mamífero predador mais misterioso do Brasil

Reportagens
17 de dezembro de 2024

Associações e cooperativas lutam para manter extrativistas na Resex Chico Mendes

Invasões e produção de gado ameaçam reserva extrativista, uma das mais desmatadas da Amazônia. Manter o modo de vida do seringueiro atrativo é grande desafio

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.